Agência France-Presse
postado em 11/05/2018 18:25
A Polícia sul-africana garantiu, nesta sexta-feira (11/5), que desconhece os motivos do ataque a facadas na véspera, em uma mesquita de Durban, no qual uma pessoa morreu, e duas ficaram feridas, mas indicou que existem "sinais de extremismo".
"Até o momento, o motivo continua sendo desconhecido", disse Simphiwe Mhlongo, um porta-voz da unidade de elite da Polícia, os Hawks, responsável pela investigação, embora tenha garantido que existem "sinais de extremismo".
"O incidente aconteceu em um lugar de oração e, levando-se em conta seu desenvolvimento, revela [por parte dos agressores] ódio aos fiéis dessa religião", disse o policial à AFP.
Na quinta-feira, três pessoas armadas com facas entraram em uma mesquita xiita de Verulam, no subúrbio de Durban, onde degolaram um homem e esfaquearam outros dois, segundo a Polícia e as equipes de socorro.
"O morto é um fiel chamado Mohamed Ali, de nacionalidade desconhecida", indicou o porta-voz policial.
A polícia esclareceu que este imame se encontrava em estado grave no hospital.
Depois do ataque, os agressores lançaram um coquetel Molotov que queimou parte da mesquita e fugiram de carro.
A África do Sul tem 1,5% de população muçulmana entre seus 53 milhões de habitantes e, ao contrário de outros países africanos, até agora não havia sofrido atentados extremistas.
"Crime terrorista"
O ataque tem "as características de uma organização terrorista com o EI", o Estado Islâmico, avaliou nesta sexta-feira uma liderança da comunidade muçulmana sul-africana, Mulana Aftab Haider.
"Não tenho nenhuma dúvida em apresentar este crime como um crime terrorista", acrescentou em uma coletiva de imprensa em Veralum.
"Primeiro, é um ataque contra um lugar sagrado. Depois, é um ataque indiscriminado contra inocentes, puramente baseado na religião", continuou.
"No curso dos sete ou oito últimos meses, houve uma grande campanha de ódio em diferentes mesquitas, rádios e redes sociais contra a comunidade xiita", afirmou. Eles "dizem que os xiitas são piores que os cães e os porcos".
A mesquita xiita de Verulam já tinha recebido ameaças, "mas não nas últimas semanas", esclareceu o líder muçulmano.
Um porta-voz da Polícia negou-se a confirmar se os atacantes eram egípcios, como haviam reportado alguns meios de comunicação nacionais. "Por enquanto não sabemos", assegurou.
O ataque de quinta-feira na África do Sul foi considerado pela polícia como inédito e provocou uma onda de indignação expressa por representantes de todas as religiões presentes no país.