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Ebola chega a zona urbana na República Democrática do Congo

Um novo caso foi confirmado em Wangata, uma das três zonas sanitárias de Mbandaka, uma cidade de 1,2 milhão de habitantes da província Equador

Agência France-Presse
postado em 17/05/2018 21:22
Vírus do ebola
Genebra, Suíça - O vírus ebola, que afeta a República Democrática do Congo (RDC), chegou pela primeira vez a uma zona urbana, onde a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou um caso que considera "muito preocupante".

"Um novo caso foi confirmado em Wangata, uma das três zonas sanitárias de Mbandaka, uma cidade de 1,2 milhão de habitantes da província Equador, na região noroeste da RDC", afirmou a OMS em um comunicado nesta quinta-feira. "A chegada do ebola a uma zona urbana é muito preocupante", declarou o médico Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.

O diretor-geral da OMS, o médico Tedros Adhanom Ghebreyesus, se referiu a "uma evolução preocupante". "Calculamos em mais de 300 o número de pessoas que estiveram em contato direto ou indireto com pessoas infectadas pelo vírus do ebola em Mbandaka", declarou à AFP um médico de um hospital da cidade.

[SAIBAMAIS]O governo provincial de Equador registrou na quinta-feira "três casos suspeitos" em Mbandaka, "dos quais dois estão na igreja do Tempo do fim" e outro na igreja Makapela, na periferia Wangata.

Segundo autoridades citadas por Médicos Sem Fronteiras (MSF), "514 pessoas teriam estado em contato com casos conhecidos" de doentes de ebola. As autoridades da RDC declararam um novo surto de ebola no dia 8 de maio no noroeste do país, perto da vizinha República do Congo.

A OMS registrou 44 casos (3 confirmados, 20 prováveis, 21 suspeitos) no país, 23 deles mortais. Até agora, todos os casos confirmados de ebola haviam sido registrados em uma zona rural de difícil acesso na região de Bikoro (nordeste).

Pânico
Situada na interseção de vários rios, em particular o Congo e o Ubangui, Mbandaka abastece Kinshasa de pesca e caça pela via fluvial, e o tráfego de barcos é intenso. Segundo um correspondente da AFP no local, as autoridades não tomaram medidas para controlar os deslocamentos.

Em Mbandaka, a despreocupação constatada nesta quinta-feira de manhã se transformou em pânico por volta de meio-dia, quando a população ficou sabendo pelo rádio da confirmação de um caso de ebola na cidade.

Nos bares, restaurantes improvisados e edifícios públicos, as pessoas faziam fila para lavar as mãos com sabão líquido, segundo um correspondente da AFP. "Procuro um barco para sair de Mbandaka (pelo rio Congo)", declarou Constantine Boketshu, esposa de um militar.

No aeroporto, os agentes do Ministério da Saúde medem a temperatura dos viajantes com a ajuda de termômetros infravermelhos, mas não há controle nos portos da cidade. "Não virei vender meus peixes em Mbandaka para evitar me infectar", disse à AFP Jean-Pierre Kelokelo, pescador do rio Congo.

A epidemia de ebola mais importante da história aconteceu no oeste da África entre 2013 e 2016, com 11.300 mortos em um total de 29.000 casos, em sua grande maioria na Guiné, Libéria e Serra Leoa.

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