Agência France-Presse
postado em 17/05/2018 22:02
Los Angeles, Estados Unidos - A Universidade do Sul da Califórnia (USC) recebeu ao menos 85 testemunhos contra um ginecologista que trabalhou no centro médico da instituição por décadas e é acusado de assédio sexual. A USC disse que entrou em contato com a polícia de Los Angeles, que até esta quinta-feira (17) não tinha se pronunciado.
A universidade indicou que a maioria dos testemunhos recebidos em uma linha telefônica são de ex-alunas e que metade foi anônimo. "Estamos buscando ativamente todos os fatos", indicou o decano desta universidade privada em uma carta aberta publicada no site da instituição.
Um porta-voz da comissão médica da Califórnia - encarregado de processar acusações de comportamento ético da classe e com poder de revogar licenças - disse à AFP que uma investigação está em andamento, sem dar detalhes.
O jornal Los Angeles Times publicou na quarta-feira uma reportagem sobre as acusações contra o Dr. George Tyndall, baseada em testemunhos de colegas de trabalho, enfermeiras e estudantes.
Ele é acusado de tocar inapropriadamente suas pacientes enquanto fazia exames pélvicos, tirar fotografias de seus genitais e fazer comentários sexuais sobre seus corpos. Além disso, segundo as acusações, fazia comentários racistas durante as consultas.
Segundo o jornal, este comportamento foi observado na década de 1990, embora Tyndall afirme que seus exames ginecológicos foram totalmente justificados. A AFP não conseguiu entrar em contato com o médico, graduado na Universidade da Pensilvânia.
A USC abriu uma investigação em 2016 e suspendeu o médico até 2017, quando acordaram sua renúncia. O presidente da USC, C. L. Max Nikias, indicou que nessa investigação foi determinado que havia outras denúncias que o anterior chefe do centro médico tratou de forma independente.
Outra investigação por seus comentários raciais foi aberta em 2013, mas não foram encontradas "provas conclusivas".
Ao renunciar em 2017, Tyndall disse que ia parar de exercer a medicina, mas no início deste ano pediu seu cargo de volta, ameaçando inclusive processar a universidade, que até então não o havia reportado ao colégio médico.
"Deveríamos ter relatado isso oito meses antes, quando o afastamos do cargo", admitiu Nikias.