Agência France-Presse
postado em 21/05/2018 12:29
O Exército sírio anunciou nesta segunda-feira (21/5) controlar totalmente Damasco e seus arredores, após a reconquista pelas forças do governo do último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no sul da capital.
Em dois dias, mais de mil jihadistas foram evacuados de bairros da zona sul de Damasco e do campo de refugiados palestinos de Yarmuk, permitindo a entrada das forças do governo nessas áreas submetidas há mais de um mês a uma campanha de bombardeios, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
As unidades do exército conseguiram "exterminar um grande número de combatentes do grupo terrorista Daesh (acrônimo árabe do EI), o que permitiu o controle da zona de Hajar al-Aswad e do campo (de refugiados) de Yarmuk", declarou um porta-voz militar citado pela televisão síria.
"Damasco e seus arredores estão agora totalmente sob controle", garantiu, mais de um mês após ter recuperado o controle total de Ghuta Oriental, uma vasta região perto de Damasco.
O anúncio foi feito após o fim, nesta segunda-feira, do processo de retirada dos combatentes do grupo extremista e suas famílias de seu reduto no sul de Damasco segundo o OSDH.
"Quase 1.600 combatentes do EI e civis foram retirados, entre domingo e segunda-feira, em 32 ônibus", afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. "Foram levados para o deserto, na região leste do país", completou.
"As forças sírias entraram no campo de Yarmuk, onde realizam operações de limpeza depois de liberar os bairros de Tadamun, Qadam e Hayar al-Aswad", disse Abdel Rahman.
Com a reconquista do campo de refugiados palestinos de Yarmuk e dos bairros adjacentes, o regime de Bashar al-Assad controla agora o conjunto da capital e seus arredores pela primeira vez desde 2012.
O regime de Bashar al-Assad iniciou em 19 de abril uma grande ofensiva contra o último reduto do EI no sul de Damasco, com o objetivo de retomar os bairros de Tadamun, Hajar al-Aswad, Qadam e o acampamento palestino de Yarmuk
Os confrontos deixaram 62 mortos entre os civis e 484 entre os combatentes, sendo 251 entre as forças pró-regime e 233 entre os jihadistas, segundo o OSDH. As províncias de Idleb (noroeste) e Deraa (sul) ainda fogem ao controle do governo Assad.
Antes do início da guerra na Síria em 2011, cerca de 160.000 pessoas viviam em Yarmuk, o maior campo de refugiados palestinos na Síria, considerado um bairro da capital. Apenas algumas centenas continuam a viver na localidade.
A operação de retirada dos jihadistas começou, de acordo com o OSDH, no sábado à noite, menos de 24 horas depois de um cessar-fogo entre o regime e o EI, após um mês de combates violentos.
O governo sírio não confirmou a existência de um acordo com o EI, mas uma fonte militar síria relatou a evacuação de mulheres e crianças.
Segundo Abdel Rahmane, a operação aconteceu "em segredo e longe da imprensa" para assegurar que o comboio de jihadistas não fosse visado pelos bombardeios da coalizão internacional liderada por Washington, que combate o EI no leste da síria.
Agora, o EI controla menos de 3% do território sírio. No leste da província de Deir Ezzor, o grupo jihadista também tem perdido terreno para uma aliança curo-árabe apoiada por forças francesas e americanas no terreno, segundo o OSDH.
Esta aliança, denominada de Forças Democráticas Sírias, anunciou no início de maio o lançamento da fase "final" de sua ofensiva contra o EI nesta região desértica na fronteira com o Iraque. O conflito na Síria já causou mais de 350.000 mortes.