Agência France-Presse
postado em 22/05/2018 15:41
Caracas, Venezuela - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi proclamado nesta terça-feira (22/5) oficialmente reeleito para governar até 2025, em meio a uma forte rejeição internacional, com um país em ruínas e cada vez mais isolado.
Maduro, de 55 anos, recebeu de Tibisay Lucena, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), as credenciais como vencedor das eleições de domingo, desconhecidas pela oposição e por parte da comunidade internacional.
Sua reeleição, boicotada pela oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), provocou uma primeira série de sanções econômicas dos Estados Unidos e uma chuva de críticas dos governos das Américas e da Europa.
"Nunca presenciamos um ataque internacional tão duro quanto o que caracterizou esse processo", disse Lucena na cerimônia perante a cúpula militar, o gabinete presidencial e os membros da Assembleia Constituinte.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na segunda-feira um decreto proibindo os cidadãos de seu país de comprar títulos da dívida venezuelana, incluindo da estatal PDVSA, para complicar a entrada de recursos para Maduro, num contexto de grave falta de liquidez.
Em resposta, Madurou anunciou nesta terça a expulsão do representante diplomático dos Estados Unidos na Venezuela. "Declaro persona non grata e anuncio a retirada em 48 horas do encarregado dos negócios dos Estados Unidos (Tod Robinson)", declarou ao receber as credenciais.
Os analistas preveem um agravamento do desastre sócio-econômico sofrido pelo país com as maiores reservas de petróleo do mundo, com escassez de alimentos e medicamentos, hiperinflação, uma queda brutal na produção de petróleo e êxodo de centenas de milhares de pessoas.
Maduro atribui o colapso a uma "guerra econômica da direita" aliada a Washington, e promete uma "revolução econômica" para trazer prosperidade durante seu segundo mandato, que terá início em janeiro de 2019.
"O que está por vir é maior isolamento diplomático e comercial e mais dificuldades em acessar crédito e financiamento", prevê o analista Diego Moya-Ocampos, do IHS Markit, com sede em Londres.
Um ditador
Após a votação, Maduro convocou um "diálogo", mas a oposição até agora descartou essa possibilidade, dizendo que não vai cair nas "estratégias dilatórias" para ocultar o que considera uma "farsa".
A oposição, profundamente dividida, pede "eleições reais".
O Parlamento, de maioria opositora, mas na prática anulado pelo governo por meio do Judiciário e da Assembleia Constituinte, se reuniu nesta terça-feira para condenar as eleições.
"O povo venezuelano deslegitimou o regime de Maduro. Está claro que ele é um ditador. Não podemos continuar divididos", declarou a deputada de oposição Mariela Magallanes.
Para os especialistas, o desafio da oposição é se unir em torno de "uma estratégia" que atinja o chavismo, no poder há quase duas décadas.