Agência France-Presse
postado em 29/05/2018 20:44
A Venezuela adiou a entrada em circulação de seus novas notas - com três zeros a menos - a pedido do setor bancário, que garantiu não estar em condições de implementar a medida na próxima segunda-feira, anunciou nesta terça-feira (29/5) o presidente Nicolás Maduro.
"Acho que é preciso dar um período superior para a reconversão monetária", disse Maduro em uma reunião com diretores da Associação Bancária da Venezuela (ABV), na qual defendeu adiar a medida por 60 dias.
O presidente da associação que agrupa as entidades creditícias, Aristides Maza, pediu para o mandatário adiar a reconversão monetária por 90 dias.
Maduro encarregou sua equipe econômica de acertar com a ABV a data definitiva para as novas notas - com três zeros a menos - sejam postas em circulação, uma medida anunciada em 22 de março passado diante de uma hiperinflação que segundo o FMI alcançará 13.800% em 2018.
O governante socialista também aceitou uma proposta da ABV para que a nova moeda circule por um tempo junto com a atual, que foi lançada no fim de 2016, mas já foi devorada pelo aumento exponencial do custo de vida.
"Compartilho o plano anti-estresse da convivência das duas moedas", afirmou Maduro.
Especialistas haviam alertado sobre as dificuldades para adaptar sistemas eletrônicos às novas notas em tempo hábil e garantir uma circulação suficiente de dinheiro.
Além disso, houve a experiência traumática com o lançamento de notas em 2016, que ainda não atendem à demanda do público. Elas representam apenas 20,8% das notas em circulação, disse o economista Jesús Casique à AFP.
"Já as notas que entrarão em circulação estão dizimadas. A reconversão não resolverá nada até que a hiperinflação seja controlada com disciplina fiscal e monetária", opinou Casique.
O especialista avalia que, se os preços continuarem a subir, eles poderão recuperar os três zeros eliminados em dezembro.