Agência France-Presse
postado em 03/06/2018 13:04
Berlim, Alemanha - Depois de meses de espera, Angela Merkel detalhou sua resposta a Emmanuel Macron sobre o futuro da zona euro, aceitando um orçamento de investimento limitado em um momento que, na Itália, assume um governo de austeridade.A chanceler alemã foi questionada por seu silêncio frente às propostas feitas desde setembro de 2017 pelo presidente francês para reativar a União pós-Brexit, principalmente com uma reforma da União Monetária.
Merkel aproveitou ma entrevista da edição dominical do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung para revelar grande parte de sua posição, a menos de um mês da cúpula europeia destinada teoricamente a aprovar uma grande parte da reforma da Europa.
Em um momento em que um governo antissistema e eurocético assume o poder na Itália, Merkel aceita o princípio de dois mecanismos limitados de cooperação entre os países da zona euro: um orçamento de investimento e um sistema novo de empréstimos para os Estados com dificuldades importantes.
Por sua parte, o milionário americano George Soros pediu à Europa que ajude a Itália invés de dar lições, em uma carta publicada neste domingo pela imprensa italiana.
"A UE enfrenta um grande número de problemas, mas a Itália se converteu no mais urgente", assegurou.
"Convergência maior"
"Precisamos de uma convergência econômica maior entre os Estados membros da zona euro", declarou a chanceler alemão ao Frankfurter Allgemeine Zeitung, acrescentando que, neste contexto, está disposta a conversar com o novo governo italiano para ajudar os mais jovens a encontrar emprego.
No entanto, fixou um marco rígico para este orçamento, mencionando uma cifra "limitada a dois dígitos em milhares de milhões de dólares", algo muito longe dos desejos do presidente francês, que fez a proposta inicial do orçamento da zona euro, traduzida em centenas de milhares de milhões de euros.
A chegada ao poder na Itália de um governo decidido a aplicar um programa contra a austeridade só reforçou as apreensões da Alemanha.
Pressionada pela opinião pública em seu país e enfraquecida politicamente em seu quarto mandato, Merkel fixou uma linha vermelha para a reforma da zona euro.
"A solidariedade entre os sócios da zona euro jamais deve levar a uma união de endividamento", alertou.
FME
Por outro lado, Merkel detalhou a proposta alemã de criar um Fundo Monetário Europeu (FME) para ajudar os países em dificuldade, mas em troca de condições rígida e de uma grande supervisão dos países apoiados.
"Queremos ser um pouco mais independentes do Fundo Monetário Internacional", explicou.
O FME assumiria as prerrogativas do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), hoje encarregado de ajuda a financiar a dívida dos países em crise, como a Grécia, concedendo empréstimos em longo prazo.
Mas iria mais longe, segundo ele, com a possibilidade de uma linha de crédito de curto prazo, de cinco anos, por exemplo, destinados a apoiar os países que enfrentam dificuldades externas.
Estes países teriam de aceitar a supervisão do FME e a intervenção em suas políticas nacionais, como faz o FMI.
Angela Merkel também tentou agradar Macron no campo militar, dizendo-se favorável a sua proposta de criar uma força comum europeia de intervenção.