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Continua violência na Nicarágua à espera da retomada do diálogo

O país espera o reinício do diálogo, a fim de superar a turbulência política que se arrasta há quase dois meses

Agência France-Presse
postado em 08/06/2018 19:49
O país espera o reinício do diálogo, a fim de superar a turbulência política que se arrasta há quase dois meses
A Nicarágua viveu um novo dia de violência, que deixou um estudante morto e uma emissora de rádio governista danificada, enquanto o país espera o reinício do diálogo, a fim de superar a turbulência política que se arrasta há quase dois meses.

[SAIBAMAIS]Na noite de quinta-feira, 7/6, um ataque armado contra uma barricada de acesso à Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua, na capital, matou o estudante César Chavarría, confirmou o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), que elevou o número de mortos nos protestos para 135.

Horas depois, na madrugada desta sexta-feira (8/6), as instalações da estatal Radio Nicarágua foram parcialmente queimadas. O boletim oficial "El 19 Digital" atribuiu o ataque ao "grupo criminoso organizado e pago pela direita".

O presidente Daniel Ortega se reuniu na quinta-feira com os bispos católicos, que apresentaram uma proposta para a democratização do país, e pediram que responda "o mais rápido possível" para decidir se voltam a convocar o diálogo nacional, no qual atuam como mediadores.

"Apresentamos ao presidente Ortega a proposta de democratização do país emanada do Diálogo Nacional. Nos pediu um tempo para refletir e dar a resposta, que solicitamos que seja por escrito", tuitou o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez.

Um comunicado da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) assinalou que, com a resposta de Ortega, poderão avaliar a "factibilidade de continuar" as negociações para sair da crise iniciada em 18 de abril.

Os líderes católicos transmitiram a Ortega "a dor e a angústia do povo diante da violência sofrida nas últimas semanas", nas quais manifestantes foram reprimidos pelas forças da ordem e grupos considerados ligados ao governo.

A oposição propôs adiantar as eleições previstas para 2021 e a saída de Ortega do governo.

Do lado da oposição existe a esperança de que Ortega se comprometa a cessar a violência e aceite retomar o diálogo para discutir a democratização, disse à AFP o ex-diplomata Carlos Tünnermann, que representa a sociedade civil no diálogo nacional.

Na quinta-feira, os Estados Unidos se somaram às condenações internacionais contra Ortega.

O Departamento de Estado impôs restrições para conceder vistos a oficiais de polícia e funcionários municipais, entre outros, os quais considera responsáveis de abusos contra os direitos humanos e a democracia durante os protestos.

"A violência política por parte da polícia e de capangas pró-governo contra o povo da Nicarágua, em particular contra universitários, mostra uma flagrante falta de respeito aos direitos humanos e é inaceitável", expressou a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nahuert, em comunicado.

Diante da duração da crise, os opositores avaliam organizar bloqueios nas vias com "comandos claros", usar chaves de comunicação para detectar infiltrados, ter rotas de fuga prontas, criar equipes de exploração e ter pessoas para defender as trincheiras.

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