Agência France-Presse
postado em 12/06/2018 12:20
Os talibãs atacaram em várias províncias do norte do Afeganistão, matando o governador de um distrito, no mesmo dia em que entrou em vigor o cessar-fogo decretado pelo governo.
Os talibãs mataram o governador do distrito de Kohistan (província de Faryab) e oito de seus guarda-costas em uma emboscada noturna, informou à AFP o porta-voz do governo da província.
Os talibãs assumiram o controle desse distrito, segundo porta-voz, informações confimrada pelo chefe da polícia local.
Os talibãs reivindicaram o ataque a Faryab e outro realizado no distrito de Sayad, província vizinha de Sari Pul, onde as autoridades pediram reforços, segundo o porta-voz do governo provincial.
"Na noite de ontem, um grande número de talibãs atacaram várias localidades. Os combates continuam. Há vítimas dos dois lados", declarou a fonte.
Por outra parte, um camicase ao volante de um 4X4 se explodiu em um prédio público da província de Ghazni (sudeste), informou o governo local.
No ataque, morreram cinco policiais e 26 pessoas ficaram feridas, entre eles o governador do distrito.
O ataque foi atribuído aos talibãs, que ainda não o reivindicaram.
O presidente afegão Ashraf Ghani anunciou na semana passada o cessar-fogo de uma semana, que teria inícion esta terça.
No sábado, os talibãs também anunciaram um cessar-fogo com as forças afegãs por ocasião da festa do Eid al Fitr, que marca o fim do mês de jejum muçulmano do Ramadã.
Segundo eles, no entanto, a trégua não incluiiria as tropas estrangeiras no Afeganistão.
O cessar-fogo deveria valer para os três primeiros dias da festividade muçulmana e seria o primeiro decretado pelos Talibãs desde a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos.
O grupo advertiu na ocasião que seus combatentes se defenderiam se fossem atacados.
"Todos os mujahedines foram orientados a deter as operações ofensivas contra as forças afegãs nos primeiros três dias do Eid al Fitr," dizua a mensagem dos talibãs no WhatsApp. "Mas se os mujahedines forem atacados, irão se defender com força".
A mensagem destacou "os ocupantes estrangeiros" não estão incluídos na trégua e que "nossas operações vão prosseguir contra eles".
Ashraf Ghani também explicou que sua decisão, inédita, era uma resposta "à fatwa histórica dos ulemás afegãos", que decretaram que o terrorismo é contrário ao Islã.
Reunidos em Cabul em uma Loya Jirga (grande assembleia, em língua pastun), milhares de dignitários religiosos de 34 províncias publicaram um decreto que declara que "os ataques suicidas e as explosões são contrários à lei e (são) um pecado grave".
Nos últimos anos, os talibãs, assim como o grupo extremista Estado Islâmico (EI), aumentaram seus atentados, especialmente em Cabul, tornando a capital o lugar mais mortífero do país para os civis.