Agência France-Presse
postado em 19/06/2018 07:54
Washington, Estados Unidos - Um ex-funcionário do serviço de espionagem cibernética da CIA foi indiciado na segunda-feira por fornecer programas ao WikiLeaks, em um dos maiores vazamentos na agência nos últimos anos.
Joshua Schulte, de 29 anos, foi acusado de fornecer informações não específicas sobre a capacidade da CIA para coletar informações a um grupo identificado como "Organization-1", que a divulgou na internet.
Embora os documentos judiciais não revelem detalhes, documentos anteriores apresentados pelo advogado de Schulte indicavam que a investigação envolvia o vazamento ao WikiLeaks do "Vault 7", uma série de ferramentas de pirataria que inclui malwares, trojans e vírus utilizados pela CIA em suas operações de espionagem.
[SAIBAMAIS]Em março de 2017 o WikiLeaks começou a divulgar 8.761 documentos do Vault 7, o que provocou embaraço na agência americana e forneceu aos hackers ferramentas iguais às utilizadas pelos espiões da CIA. "A fonte quer iniciar um debate público sobre a segurança, criação, uso proliferação e controle democrático do armamento cibernético", afirmou na ocasião o WikiLeaks.
A divulgação representou a revelação de um dos maiores segredos da principal agência americana de espionagem
Desde então funcionários americanos afirmam que a divulgação do Vault 7, assim como a difusão de comunicações privadas da então candidata presidencial democrata Hillary Clinton em 2016, mostra que o WikiLeaks atua em favor de serviços estrangeiros de inteligência.
Schulte foi considerado suspeito desde o início da investigação, mas foi discretamente acusado em setembro de 2017 por armazenar pornografia infantil em seu computador.
Na segunda-feira, um júri o indiciou por 13 acusações relacionadas ao roubo e vazamento de informações consideradas secretas e pornografia infantil.
Schulte "traiu sua nação e pura e simplesmente violou os direitos de suas vítimas.", disse William Sweeney Jr, diretor assistente do FBI. "Como funcionário da CIA, Shulte jurou proteger seu país, mas o colocou em perigo ao transmitir informação confidencial", completou.