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Príncipe William homenageia vítimas do Holocausto em visita à Jerusalém

O memorial dedicado ao extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial " ensinou muito mais do que eu acreditava que sabia sobre os verdadeiros horrores", afirmou o duque

Agência France-Presse
postado em 26/06/2018 10:25
principe william em memorialJerusalém - O príncipe William, segundo na linha de sucessão à coroa britânica, confessou sua emoção nesta terça-feira (26/6) após visitar o memorial do Holocausto em Jerusalém, durante a primeira visita oficial de um membro da família real a Israel e aos Territórios Palestinos.

O duque de Cambridge, que chegou à Jordânia segunda-feira à noite, iniciou sua visita com um momento de meditação no Yad Vashem.

Passagem quase obrigatória para todo oficial vindo a Israel, o memorial dedicado ao extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial "me ensinou muito mais do que eu acreditava que sabia sobre os verdadeiros horrores" sofridos pelos judeus, declarou logo depois, quando foi recebido pelo presidente israelense, Reuven Rivlin.

Vestindo um terno escuro, sentou-se por alguns instantes para conversar com dois sobreviventes do Holocausto. Usando um kipá, ele depositou uma coroa de flores e reacendeu a chama no vasto sepulcral da recordação, onde um coral de crianças cantou "Eli, Eli", cântico inspirado em um poema de 1942.

O príncipe trocou algumas palavras com os coristas e deixou uma mensagem no livro de visitas.

"Nunca devemos esquecer o Holocausto", escreveu em tinta azul, acrescentando que "todos nós temos a responsabilidade de lembrar e ensinar as futuras gerações sobre os horrores do passado, para que eles não se reproduzam nunca".

Se o Holocausto "questiona a própria humanidade", ele elogiou a coragem daqueles que ajudaram os judeus. "O fato de que minha bisavó seja uma das Justas entre as nações é uma honra para mim", completou.

Em 1993, Yad Vashem havia elevado a princesa Alice à categoria de Justa entre as Nações por ter salvado judeus na Grécia. O príncipe William visitará seu túmulo na quinta-feira.

O duque de Cambridge, que viajou sem sua esposa Kate, foi então recebido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e por sua esposa, Sara, e depois pelo presidente Rivlin. Também deve se reunir com o presidente palestino, Mahmud Abbas, na Cisjordânia ocupada, antes de se encontrar com jovens palestinos e refugiados.

- Apelo de Rivlin -
Os serviços do príncipe no Palácio de Kensington insistem no fato de que, apesar da persistência do conflito entre Israel e os palestinos, o deslocamento será desprovido de mensagem política. A visita tem como objetivo alcançar as pessoas, sua juventude, sua cultura e suas forças inovadoras, indicaram.

O príncipe William disse a Rivlin que deseja, durante sua estada, "absorver e compreender as diferentes questões, as diferentes culturas, as diferentes religiões", e talvez compreender os meios de "promover a paz na região".

Ele não escapou da política. O presidente Rivlin, fã de futebol, provocou o torcedor do Aston Villa e perguntou a ele, em plena Copa do Mundo, se a Inglaterra "emprestaria" o atacante Harry Kane para Israel.

Então, acrescentou mais seriamente: "Sei que você vai se encontrar com o presidente Abbas. E gostaria que você lhe enviasse uma mensagem de paz e lhe dissesse que é hora de encontrarmos juntos o caminho da confiança".

O horizonte da paz nunca pareceu tão distante e, para o príncipe, o exercício diplomático é delicado.

Sua visita ocorre pouco mais de um mês após a inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, que endossou o reconhecimento do presidente Donald Trump da cidade como a capital de Israel, uma decisão vigorosamente contestada pelos palestinos.

Esta inauguração coincidiu com um banho de sangue na Faixa de Gaza, território palestino sob bloqueio. Uma nova guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas ameaça a Faixa de Gaza.

Os membros da direita israelense criticaram o fato de que a parte da visita do príncipe a Jerusalém Oriental e à Cidade Velha tenha sido apresentada pelos britânicos como tendo lugar nos Territórios Palestinos ocupados.

A anexação de Jerusalém Oriental por Israel nunca foi reconhecida pela comunidade internacional, que considera Jerusalém Oriental como território ocupado.

"Estamos apenas seguindo décadas de resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse o cônsul-geral britânico, Philip Hall.

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