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Juiz dá prazo de 30 dias para governo reunir famílias e crianças nos EUA

Mais de 2 mil crianças foram separadas de seus parentes nas últimas semanas e alojadas em abrigos

Agência France-Presse
postado em 27/06/2018 07:24
Crianças deitadas e enroladas em lençóis térmicos
Los Angeles, Estados Unidos - Um tribunal de San Diego, Califórnia, ordenou na terça-feira (26/6) à noite a reunião de famílias de imigrantes separados pela polícia migratória, denunciando a política de "tolerância zero" imposta pelo governo de Donald Trump.

Se não representam um perigo para os filhos, os pais devem ser reunidos aos menores em um prazo de duas semanas no caso das crianças com menos de cinco anos e em menos de 30 dias para as outras crianças, afirma a sentença judicial.

A decisão afirma que governo federal deve "enfrentar as caóticas circunstâncias que criou". A demanda havia sido apresentada pela ONG União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) em nome de migrantes anônimos contra a Polícia de Imigração (Immigration and Customs Enforcement, ICE).

O juiz Dana Sabraw exigiu que a ICE "faça todo o possível para facilitar a comunicação" entre as famílias separadas.

A ACLU celebrou em um comunicado e no Twitter a decisão judicial, que chamou de "enorme vitória para os pais e as crianças que pensavam que nunca voltariam a se ver". "Veremos lágrimas (de alegria) nos centros de detenção em várias partes do país", afirma o comunicado da organização.

Desde maio, os processos sistemáticos iniciados contra os pais que atravessam a fronteira com seus filhos provocaram a separação de mais de 2.300 menores, o que gerou críticas nos Estados Unidos e no exterior.

Condições "desumanas"

Outras ações apresentadas em nome dos imigrantes questionam o "trauma" provocado nas crianças pela separação de seus pais e denunciam as condições "desumanas" de detenção nos centro da ICE.

[SAIBAMAIS]Na terça-feira, vários estados americanos apresentaram demandas contra a política de "tolerância zero" do governo do presidente Donald Trump contra a imigração clandestina, em uma nova batalha judicial para a administração do republicano.

No mesmo dia, o governo de Trump obteve uma grande vitória após meses de disputa judicial quando a Suprema Corte validou o decreto migratório que impõe obstáculos para a entrada no país de cidadãos de seis países de maioria muçulmana. Mas a política de "tolerância zero" recebe críticas há vários dias.

Na semana passada, diante do clamor dentro de seu próprio partido e da ONU, Trump assinou um decreto para suspender a separação de pais e filhos que entraram junto ilegalmente nos Estados Unidos, a maioria deles para solicitar asilo depois de fugir da violência violência e da pobreza em países da América Central.

Na terça-feira, a administração Trump suspendeu de fato as ações contra as famílias detidas na fronteira com o México por falta de espaço nos centros de detenção.

Este novo revés à política contra a imigração do governo federal veio mais uma vez do estado da Califórnia, um reduto democrata.

O secretário de Justiça, Jeff Sessions, desembarcou na terça-feira em Los Angeles para pronunciar um discurso na Fundação pela Justiça Penal, onde reiterou a posição do governo e afirmou que as forças de segurança "se veem obrigadas com frequência a libertar a criminosos estrangeiros em nossa comunidade, seja pedófilos, estupradores, assassinos, traficantes de drogas".

Ele recordou que presidente propôs, sem sucesso, aos democratas no Congresso a concessão de um status aos jovens sem documentos que entraram no território americano com os pais quando eram crianças, em troca da liberação dos recursos necessários para construir um muro na fronteira sul, uma de suas promessas de campanha.

Quase 200 manifestantes protestaram contra a presença de de Session em Los Angeles. Vinte pessoas foram detidas depois que não acataram as ordens de dispersão da polícia.

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