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EUA tem protestos contra a linha dura anti-imigração de Donald Trump

Em Washington, a manifestação "Families Belong Together" ("As famílias devem ficar juntas") começou na Lafayette Square

Agência France-Presse
postado em 30/06/2018 16:45
Washington - Manifestações contra a política de imigração de linha dura do presidente Donald Trump se espalharam pelos Estados Unidos neste sábado (30/6), à medida que aumentam os pedidos dos ativistas pelo fim da polícia migratória, a ICE (Immigration and Customs Enforcement), e pela reunião das famílias separadas.

Em Washington, a manifestação "Families Belong Together" ("As famílias devem ficar juntas") começou na Lafayette Square, onde uma multidão se reuniu diante da Casa Branca, antes de marchar para o Capitólio, sede do Congresso.

"Estamos protestando em Washington DC e em todo o país", afirmaram os organizadores da manifestação "Families Belong Together" em seu site.

Em Nova York, famílias, jovens, crianças e idosos - tanto recém-chegados quanto cidadãos de longa data - marcharam sob um sol forte como parte de um protesto que, segundo um policial, reunia "umas duas mil pessoas".

"Digam alto, digam claro, os refugiados são bem-vindos aqui", gritavam, também dando as boas-vindas aos muçulmanos.

Um grupo de percussionistas aumentou o fervor de uma multidão que carregava cartazes como "Nossa Nova York é uma Nova York Imigrante" e "Sem jaulas, sem proibições, sem muro".

"Suprimir o ICE", dizia outro cartaz, refletindo os crescentes pedidos de ativistas de eliminar a Agência de Imigração e Controle de Aduanas.

Julia Lam, mãe e estilista aposentada de 58 anos que imigrou de Hong Kong para os EUA nos anos 1980, uniu-se ao protesto de Nova York com dois amigos e seus filhos pequenos.

"Acho que é realmente cruel separar os filhos", disse ela. "Estou enojada (...) Simplesmente não entendo como um ser humano faz uma coisa dessas", completou.

Courtney Malloy, uma advogada de 34 anos, disse que é importante mostrar apoio aos imigrantes e que as políticas do governo "não são os Estados Unidos".

"Isso não é o que defendemos e não está certo. E não ficaremos aqui vendo nosso país ser destroçado, e os bebês serem arrancados de suas mães", disse ela à AFP, segurando um cartaz que dizia "O único bebê que deveria estar em uma jaula é Donald Trump".


Trump defende ICE

Neste sábado, Trump tuitou várias mensagens em apoio à agência migratória.

"Os democratas estão fazendo um grande esforço para suprimir o ICE, um dos grupos de homens e mulheres mais inteligentes, mais duros e com mais espírito da lei que eu já vi. Vi a ICE liberar cidades da tomada de (gangue) MS-13 e resolver as situações mais difíceis. São geniais", escreveu.

Em uma segunda mensagem, pediu aos "corajosos homens e mulheres" da ICE que "não percam seu espírito".

"Estão fazendo um trabalho fantástico para nos manterem seguros, erradicando os piores elementos criminosos. Muito corajosos! Os democratas esquerdistas radicais querem vocês fora. Depois será toda polícia. Zero chance, isso nunca acontecerá", acrescentou.

Em uma tentativa de deter o fluxo de dezenas de milhares de migrantes na fronteira sul dos Estados Unidos, Trump ordenou em maio a prisão dos adultos que entram no país de modo ilegal, incluindo aqueles que solicitam asilo.

Muitos dos que tentam atravessar a fronteira entre Estados Unidos e México são pessoas pobres que fogem da violência das gangues e de outros problemas na América Central.

Como resultado da repressão ordenada por Trump, centenas de crianças foram separadas de suas famílias e mantidas em jaulas, uma prática que provocou indignação nacional e mundial.

Na semana passada, Trump assinou uma ordem para acabar com a separação das famílias, mas advogados especializados em imigração dizem que o processo de reunião será longo e caótico.

Quase 2.000 crianças foram separadas de seus pais, segundo números oficiais divulgados no fim de semana passado.

Mais de 500 mulheres, incluindo uma congressista, foram detidas na quinta-feira no complexo do Capitólio durante um protesto contra a política migratória de Trump.

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