Agência France-Presse
postado em 04/07/2018 07:39
Manágua, Nicarágua - Uma operação das forças de segurança e de grupos armados ilegais na região norte da Nicarágua deixou um morto na terça-feira (3/7), sem que a presença de organismos internacionais consiga parar a violência que deixou mais de 220 mortos em 75 dias de protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega.
Quase 40 caminhonetes com agentes da força antimotim e civis armados e encapuzados entraram em La Trinidad, 125 km ao norte de Manágua, no departamento de Estelí, onde acabaram com um bloqueio de manifestantes na estrada.
Um membro das forças do governo morreu, segundo fontes oficiais. Vários manifestantes ficaram feridos, segundo ativistas dos direitos humanos.
Moradores e a Igreja Católica denunciaram que "agentes da polícia e grupos paramilitares" cercaram o templo La Candelaria, onde estavam padres e dezenas de fiéis.
[SAIBAMAIS]A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instalou nesta terça-feira (3) um grupo de especialistas com trajetória reconhecida que investigará violações de direitos humanos na onda de violência que deixa mais de 220 mortos na Nicarágua em dois meses e meio de protestos contra o presidente Daniel Ortega.
"Nosso compromisso é com as vítimas (...) para além de quem sejam os perpetradores", disse o italiano Amérigo Incalcaterra, do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) da CDIH ao ler um comunicado à imprensa.
O GIEI começou imediatamente seus trabalhos e terá um mandato de seis meses prorrogáveis e se ocupará de apoiar "as investigações dos atos de violência" e recomendar ações de reparação às vítimas e familiares, apontou a nota.
A CIDH que há uma semana faz verificações na Nicarágua exigiu o fim das repressões, o desmantelamento dos grupos armados ilegais e o respeito ao direito dos presos.
Enquanto o secretário-executivo da CIDH, o brasileiro Pablo Abrao, instalou o GIEI em Manágua, a tropa de choque e grupos paramilitares adentravam em cidades de Estelí, no norte do país.
No Twitter, a CIDH disse estar ciente de que "um grupo de pessoas se encontra sitiada e em grave risco" em La Trinidad por um grupo armado, e pediu que autoridades "adotem medidas para respeitar e garantir a vida" dos moradores.
A violência deixou mais de 1.500 feridos e quase 500 foram presos, muitos arbitrariamente, segundo a CIDH.