Agência France-Presse
postado em 04/07/2018 07:53
Londres, Reino Unido - Duas pessoas foram internadas em estado crítico no hospital de Salisbury, após serem expostas a uma "substância desconhecida" em Amesbury, a poucos quilômetros de onde o ex-espião russo Serguei Skripal teria sido vítima de uma tentativa de envenenamento.
Os dois pacientes "estão sendo tratados por uma suposta exposição à substância desconhecida no hospital de Salisbury", precisou nesta quarta-feira a polícia do condado de Wiltshire, que qualificou o fato de "incidente importante".
As duas pessoas, um homem e uma mulher ambos com cerca de 40 anos, foram encontrados inconscientes no sábado passado, em uma casa em Amesbury, onde Skripal e sua filha Yulia foram vítimas de uma tentativa de envenenamento em 4 de março passado, segundo o governo britânico.
Os dois pacientes "estão em estado crítico", afirmou a polícia.
A princípio, se pensou em uma overdose por heroína ou crack, mas a hipótese foi descartada e estão sendo realizados exames adicionais "para estabelecer a natureza da substância que afetou estes pacientes".
Do mesmo modo, os Skripal foram encontrados inconscientes em um banco na rua, perto de um centro comercial, e os primeiros depoimentos mencionaram a possibilidade de que fossem viciados.
"Estamos abertos no que diz respeito às circunstâncias do incidente", indicou a polícia.
Nenhum risco para a população
Vários cordões de segurança foram estabelecidos para isolar as áreas onde as vítimas podem ter passado e o contingente da polícia está reforçado em Amesbury e Salisbury.
As autoridades fecharam ao público o parque Queen Elizabeth Gardens de Salisbury, de acordo com a rádio local Spire, e a polícia reforçou a presença diante da igreja batista de Amesbury, informou o jornal The Guardian.
A agência estatal Public Health England (PHE) avaliou que o caso "não representa um risco significativo de saúde para o público em geral".
Uma constatação que será, no entanto, "continuamente reavaliada, em função das informações obtidas", afirmou um porta-voz do PHE, citado pela agência Press Association.
No dia 4 de março, Serguei e Yulia Skripal foram encontrados inconscientes e levados a um hospital de Salisbury em estado crítico. Antes, os dois haviam tomado uma cerveja em um pub e almoçaram em um restaurante italiano. As autoridades concluíram que a dupla foi vítima de um atentado com um agente químico.
Os dois foram tratados durante semanas, se recuperaram e receberam alta médica.
Londres acusou Moscou de estar por trás do caso Skripal, um ex-coronel do serviço secreto miltar russo condenado por traição por repassar segredos a Londres e que se mudou para a Inglaterra após uma troca de espiões.
O Kremlin negou qualquer implicação, mas o governo da primeira-ministra britânica Theresa May denunciou que o ataque foi cometido com um agente nervoso da variedade novichok, que é fabricado em laboratórios militares russos, e só havia duas opções: que Moscou teria usado ou perdido o controle da substância.
O incidente provocou uma crise diplomática entre os dois países e uma onda de expulsões cruzadas de diplomatas por parte do Reino Unido e países aliados, de um lado, e da Rússia, do outro.