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Biya anuncia candidatura a um sétimo mandato como presidente do Camarões

No poder desde 1982, Biya dirige um país em que cerca de 75% da população têm menos de 25 anos

Agência France-Presse
postado em 13/07/2018 16:41
No poder desde 1982, Biya dirige um país em que cerca de 75% da população têm menos de 25 anos
O presidente camaronês, Paul Biya, de 85 anos de idade e 35 no poder, anunciou no Twitter sua candidatura ao cargo de chefe de Estado.

[SAIBAMAIS]Se vencer as eleições previstas para 7 de outubro, será seu sétimo mandato consecutivo como presidente.

"Eu serei seu candidato na próxima eleição presidencial", escreveu Biya em sua conta do Twitter, se dizendo "consciente dos desafios que nós devemos juntos superar para termos um Camarões mais unido, estável e próspero".

Outros candidatos às eleições se presentaram, entre eles, Joshua Osih, da Frente Social Democrata, principal partido de oposição, o advogado e ex-vice-presidente da Transparência Internacional Areke Muna, e o presidente do partido Movimento pelo Renascimento do Camarões, Maurice Kamto.

As eleições acontecem em um contexto de segurança tenso: as incursões do grupo jihadista nigeriano Boko Haram continuam no norte do país, e as duas regiões anglófonas do noroeste e do sudoeste são palco de um conflito sanguinário entre o exército e separatistas radicais.

Conflitos

Desde o fim de 2017, separatistas armados, dispersos em diversos grupos, estão em conflito contra as forças de ordem e segurança. Uma tática desse grupo é o sequestro de funcionários do governo e o incêndio de escolas.

Nas duas regiões anglófonas, os combates se tornaram quase cotidianos entre militares, policiais e separatistas. Mais de 80 membros das forças de segurança perderam a vida desde o início do conflito.

Neste contexto, um vídeo provocou uma nova polêmica na luta contra o grupo Boko Haram. Nele, supostos militares camaroneses executam duas mulheres e seus dois filhos acusados de serem cúmplices do grupo extremista.

Essa polêmica fez com que Paul Biya aparecesse na televisão pública nesta sexta-feira, 13/7, para assegurar que seu país se mantém "fiel" ao compromisso de respeitar os direitos humanos nos combates contra o grupo jihadista.

O governo qualificou o vídeo de "fake news" e "de uma horrível artimanha", anunciando, no entanto, a abertura de uma investigação.

A Anistia Internacional afirmou na quinta-feira, 12/7, ter "provas confiáveis" de que os homens armados que aparecem no vídeo são militares camaroneses.

Ainda que a situação no país pareça um caos, para o presidente, o Boko Haram tem uma capacidade de nocividade "consideravelmente reduzida" no norte, e a situação da crise nas regiões anglófonas "se acalmou".

Perfil

Ex-seminarista católico e estudante de Cinências Políticas em Paris, Paul Biya "montou um dispositivo em torno dele que faz com que o sistema seja ele", aponta um observador.

No poder desde 1982, Biya dirige um país em que cerca de 75% da população têm menos de 25 anos.

Isso significa que uma parte esmagadora só conheceu um único presidente.

Ele detém um amplo controle sobre o país, apesar das críticas sobre seus períodos de ausência durante várias semanas, até mesmo meses, quando normalmente viaja à Suíça.

Esses afastamentos provocam questionamentos sobre seu estado de saúde, que são logo desmentidos com aparições na televisão estatal.

Paul Biya gosta de manter em segredo informações sobre ele e sobre sua agenda política, deixando a seus ministros a função de comunicar o que se passa no país.

Em uma de suas raras aparições, em fevereiro deste ano, Biya, apreciador de ternos de fibra de alpaca e de gravatas de seda, fez um balanço lisonjeiro de seu governo.

Ele estimou, na ocasião, que a economia tinha "melhorado" em um Camarões onde apenas 10% da população ativa possui um emprego formal e onde um terço dos habitantes vive com menos de 9 reais por dia.

Casado desde 1994 com Chantal, quase 40 anos mais nova que ele e famosa por seus penteados extravagantes, Biya tem dois filhos com sua esposa atual.

Ele também é pai de um empresário discreto, Franck, que tem interesses especialmente no setor de madeira.

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