postado em 17/07/2018 10:31
O Ministério das Relações Exteriores divulgou, nessa segunda-feira (16/7), um novo comunicado em que expressa preocupação pela violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais na Nicarágua. O país enfrenta uma onda de violência em que mais de 300 pessoas já foram mortas.
A nota foi assinada em parceria com os governos de Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. O comunicado pede a ;mais firme condenação aos graves e reiterados fatos de violência que se vêm produzindo na Nicarágua e que provocaram, até o momento, a lamentável perda de mais de 300 vidas humanas e centenas de feridos;.
Além disso, os 11 países exigem o fim imediato dos atos de violência, intimidação e ameaças dirigidas à sociedade nicaraguense e também o desmantelamento dos grupos paramilitares. O comunicado inclui ainda o pedido de reativação do Diálogo Nacional na Nicarágua, que respeite as liberdades fundamentais e permita soluções pacíficas no país.
Os países latino-americanos defendem também a continuidade dos trabalhos da Conferência Episcopal da Nicarágua em busca de solução para o conflito. O presidente Daniel Ortega havia pedido a mediação da Igreja Católica. No entanto, apesar de ter aceitado as condições estabelecidas pelos bispos, Ortega rejeitou o primeiro relatório da Comissão Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (CIDH), que acusa o governo de usar a força para intimidar os manifestantes.
Muitos dos mortos em quase três meses de protestos foram baleados na cabeça, no pescoço, nos olhos. Segundo o secretário-executivo da CIDH, Paulo Abrão, isso constitui prova de que ;atiraram para matar;. Exames balísticos realizados pelos investigadores da CIDH revelaram que as balas, de alto calibre, partiram de armas normalmente usadas pelas forças de segurança.
O documento faz um chamado para que o governo da Nicarágua e outros atores sociais ;demonstrem seu compromisso e participem construtivamente de negociações pacíficas;, além de incluir a celebração de eleições ;justas e oportunas, em um ambiente livre de medo, intimidação, ameaças ou violência.;
Uma nova onda de violência ocorreu depois que Ortega rejeitou a recomendação dos demais integrantes do Dialogo Nacional de antecipar as eleições, para apaziguar o país.
Líder da Revolução Sandinista de 1979, contra a ditadura de Anastasio Somoza, Ortega conquistou seu terceiro mandato presidencial consecutivo em 2016. Mas os resultados da votação ; sem a presença de observadores internacionais ; foram questionados pela oposição e também por antigos aliados do ex-guerrilheiro esquerdista. Ortega e a mulher, Rosario Murillo, que é vice-presidente do país, são acusados de querer instalar uma dinastia politica corrupta, como a dos Somoza.