Agência France-Presse
postado em 17/07/2018 12:53
Washington, Estados Unidos - De volta à Casa Branca, o presidente Donald Trump se encontrava isolado, nesta terça-feira (17/7), inclusive em suas próprias fileiras, após uma turnê europeia considerada desastrosa, na qual virou as costas para aliados e abriu os braços para seu colega russo, Vladimir Putin.
Representantes de diferentes tendências do espectro político acusaram Trump de "fraqueza" - logo ele que, com frequência, chama seus opositores de "fracos".
Indiferente às reações negativas, porém, o magnata nova-iorquino não pareceu se abalar, com espaço para um tuíte autocongratulatório e críticas à imprensa.
"Embora tenha tido uma grande reunião com a Otan, levantando uma significativa quantia de dinheiro, tive um encontro ainda melhor com Vladimir Putin, da Rússia. Infelizmente, não está sendo reportada dessa forma. A imprensa ;Fake News; está ficando louca", assinalou o presidente no Twitter, sem conseguir dissipar a impressão de isolamento.
Em um tuíte anterior, ele já havia agradecido ao senador Rand Paul, um dos únicos republicanos a defender abertamente sua cúpula em Helsinque, apontando uma "síndrome mental anti-Trump".
"Obrigado Rand Paul, você entende bem as coisas", escreveu Donald Trump, um dia depois de seu primeiro encontro bilateral com Putin.
Na avaliação de boa parte dos especialistas e de políticos americanos, nos dias que antecederam a cúpula, em Bruxelas e em Londres, o que Trump fez foi tensionar os laços transatlânticos, em especial após acusações feitas à Alemanha, à União Europeia e ao Reino Unido.
Enxurrada de críticas
Os últimos eventos renderam a Trump uma enxurrada de comentários negativos, de "surrealista" a "traição", passando por "constrangedor", "indefensável", "antipatriótico", ou "vergonhoso".
Adotando um tom conciliar ao lado do colega russo e pondo em xeque conclusões da Justiça e dos serviços americanos de Inteligência, os quais concluíram que houve interferência russa na eleição presidencial de 2016, Trump conseguiu irritar até mesmo os congressistas republicanos.
Na entrevista coletiva que se seguiu à cúpula, Trump pareceu validar as negativas de Trump sobre a ingerência de seu país no processo eleitoral.
Sinal da extensão e da gravidade do mal-estar, até mesmo a emissora preferida dos conservadores, a Fox News, deu um espaço inédito aos críticos da turnê de Trump. Vários apresentadores de destaque atacaram o presidente em seus comentários.
"Nenhuma negociação justifica sacrificar seu próprio povo e seu próprio país", tuitou Abby Huntsman, analista da Fox News.
Anthony Scaramucci, ex-diretor de Comunicação da Casa Branca na era Trump, considerou urgente que os aliados expliquem ao presidente o tamanho do erro.
O influente Newt Gingrich, próximo de Trump e ex-presidente da Câmara de Representantes do Congresso, avaliou que ele cometeu "o pior erro de sua presidência, que deve ser retificado no terreno".
"Atualmente, o presidente não tem papel de liderança. Ontem nós negociamos em posição de fraqueza, e Vladimir Putin deixou Helsinque tendo vencido a partida. É um desastre", resumiu o senador republicano Ben Sasse, do Nebraska.
Da África do Sul, o ex-presidente democrata Barack Obama lamentou uma "época incerta", na qual "cada novo ciclo de notícias traz seu quinhão de manchetes preocupantes que nos deixam tontos".