Agência France-Presse
postado em 19/07/2018 17:08
Lima, Peru - O presidente da Suprema Corte do Peru, Duberlí Rodríguez, apresentou nesta quinta-feira (19/7) a sua "renúncia irrevogável" ao cargo, em meio ao escândalo dos áudios de juízes negociando sentenças, informou o máximo tribunal.
Minutos antes de Rodríguez, quem pediu demissão foi o presidente do Conselho Nacional de Magistratura (CNM), centro do escândalo, junto com outros dois membros desse corpo colegiado encarregado de designar juízes e promotores peruanos.
"Por conta da crise institucional atravessada pelo Poder Judiciário, apresento a minha renúncia irrevogável ao cargo", assinalou Rodríguez em sua carta de demissão, publicada na conta do Twitter deste poder.
Rodríguez renunciou após ser pressionado pelos próprios colegas da Suprema Corte, que exigiam que ele se afastasse para que outra pessoa ficasse encarregada de reorganizar o sistema judiciário, embora ele não seja mencionado em nenhum dos áudios divulgados até agora sobre tráfico de influência e venda de sentenças.
O jurista se afastou um dia depois de declarar o Poder Judiciário em emergência por 90 dias, o que implica uma reorganização de órgãos administrativos, do Sistema Especializado em Crimes de Corrupção e a Gerência-Geral, entre outros.
Orlando Velásquez, que exercia o cargo de chefe do Conselho Nacional de Magistratura há três dias, também se demitiu. "A renúncia é irrevogável. Corresponde a nós, por dignidade, nos afastarmos", afirmou em uma entrevista coletiva.
A decisão inclui outros dois conselheiros e abre caminho para que, na sexta-feira, o Congresso remova de seus cargos os sete integrantes do Conselho e nomeie novos.
Velásquez negou ter cometido irregularidades, diferentemente de três colegas seus nos áudios divulgados pela imprensa a partir de 8 de julho. A Comissão de Justiça do Congresso acordou na quarta-feira pedir a destituição de todos os integrantes do CNM.
Este escândalo é um "déjà vu" da história peruana, pois a difusão de áudios ou vídeos gravados escondidos provocaram a queda do presidente Alberto Fujimori em 2000, a renúncia do então chefe de Estado Pedro Pablo Kuczynski em março e a suspensão há um mês do popular legislador Kenji Fujimori (filho do ex-governante).