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Rebeldes e civis do sul da Síria chegam em setor insurgente no norte

O reduto extremista do sul do país é um dos últimos a resistir ao regime de Assad

Agência France-Presse
postado em 21/07/2018 12:19
O reduto extremista do sul do país é um dos últimos a resistir ao regime de Assad
Morek, Síria - Centenas de rebeldes e civis evacuados da província de Quneitra, no sul da Síria, chegaram neste sábado (21/7) nos territórios sob controle dos insurgentes no noroeste do país, informaram um correspondente da AFP e uma ONG.

No sul da Síria, pelo menos seis civis foram mortos neste sábado em ataques aéreos conduzidos por Moscou, aliado incondicional do regime de Bashar Al-Assad que ataca o reduto do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

O reduto extremista do sul do país é um dos últimos a resistir ao regime de Assad, que forçou os rebeldes das províncias vizinhas de Deraa e Quneitra a aceitar acordos de capitulação patrocinados por Moscou, ao final de ofensivas violentas.

[SAIBAMAIS]Na região Quneitra, que faz fronteira com a parte das Colinas de Golã anexada por Israel, um segundo comboio se preparava neste sábado para evacuar os rebeldes e suas famílias que se recusam a viver sob o controle do regime, indicou a agência oficial de notícias SANA.

Mais cedo, um primeiro comboio chegou aos territórios insurgentes do noroeste da Síria depois de deixar Quneitra.

"O primeiro comboio de evacuados, transportando cerca de 2.800 pessoas, rebeldes e civis, chegou na passagem de Morek", rota de trânsito na província de Hama, que liga os territórios do regime e os insurgentes territórios, anunciou o OSDH.

Um correspondente da AFP em Morek, controlado pelos insurgentes, viu chegar cerca de 50 ônibus, transportando combatentes e suas famílias.

Com suas armas, homens dividiam uma refeição frugal, enquanto não muito longe dos ônibus, mulheres e crianças esperavam ao lado de pequenas malas, às vezes com cobertores, constatou um correspondente da AFP.

Pouco depois, os passageiros embarcaram em outros ônibus fretados por ONGs locais para abrigos temporários na província de Idleb (noroeste), ou Aleppo (norte).

Além dessas evacuações, os acordos concluídos preveem um cessar-fogo, o abandono pelos rebeldes de sua artilharia pesada e média, bem como o retorno de instituições estatais nos antigos setores insurgentes.

O regime de Bashar Al-Assad lançou uma ofensiva no sul do país em 19 de junho. Graças aos combates e acordos de rendição, reconquistou mais de 90% da província de Deraa, o berço da revolta de 2011 contra o seu poder.

Mas nesta província, uma parte do território ainda escapa ao controle do regime e continua sendo alvo de bombardeios: é a fortaleza dos jihadistas afiliados ao EI.

Na sexta-feira, 26 civis morreram em ataques aéreos nesta área, de acordo com o OSDH.

A violência nesta região também deixou 13 mortos neste sábado entre as forças do regime, incluindo oito mortos por carros-bomba jihadistas.

O conflito na Síria se tornou mais complexo ao longo dos anos com o envolvimento de países estrangeiros e grupos jihadistas em um território cada vez mais fragmentado. Matou mais de 350.000 pessoas e deslocou milhões e refugiados.

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