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Capacetes Brancos, os socorristas em zonas rebeldes da Síria

Mais de 3.700 voluntários, a maioria sírios, com uma escassa presença de mulheres, participam atualmente nas tarefas de resgate dos Capacetes Brancos

Agência France-Presse
postado em 22/07/2018 12:56
Beirute, Líbano - Os Capacetes Brancos, dos quais centenas de membros foram evacuados esta semana para a Jordânia, são um coletivo de socorristas voluntários que se tornaram conhecidos por suas tarefas de resgate nas zonas controladas pelos rebeldes sírios.

Este grupo foi impulsionado em 2013, dois anos depois do início na Síria da revolta democrática contra Bashar al-Assad, duramente reprimida pelas forças do regime. Mas não começaram a ser chamados de Capacetes Brancos até 2014.

Seus integrantes, muitos deles estudantes ou jovens opositores ao regime, ficaram conhecidos graças aos vídeos divulgados nas redes sociais, nos quais apareciam resgatando entre os escombros sobreviventes, sobretudo crianças, sempre equipados com seus emblemáticos capacetes de cor branca.

Mais de 3.700 voluntários, a maioria sírios, com uma escassa presença de mulheres, participam atualmente nas tarefas de resgate dos Capacetes Brancos, segundo o principal responsável da organização, Raed Saleh. Mais de 250 deles faleceram desde 2013.

Estiveram ativos em todos os territórios insurretos da Síria, em especial na Ghuta Oriental, ex-reduto dos rebeldes na periferia de Damasco.

Entretanto, após a sucessão de vitórias do Exército sírio, sua presença se concentra agora nas regiões rebeldes do norte e do noroeste da Síria.

Alguns de seus membros foram formados no exterior e depois contribuíram com seus conhecimentos em técnicas de resgate e primeiros-socorros a outros voluntários.

Os Capacetes Brancos receberam financiamento de muitos países ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Alemanha e Canadá. Mas também doações de voluntários para comprar material, como os famosos capacetes brancos.

;Independentes;
Candidatos ao Prêmio Nobel da Paz em 2016, não alcançaram este reconhecimento.

Contudo, venceram o prêmio sueco Right Livelihood, uma tentativa de "Nobel alternativo". Seus organizadores reconheceram a "coragem excepcional, compaixão e compromisso humanitário".

O documentário "Os Capacetes Brancos" venceu em fevereiro de 2017 o Oscar de melhor documentário em curta-metragem.

Seu lema, "Quem salva uma vida, salva toda a humanidade", procede de um versículo do Alcorão.

Mas os Capacetes Brancos se apresentam como uma organização neutra, que socorre todas as vítimas, independentemente de sua religião.

"Somos independentes, neutros e imparciais, não somos filiados a nenhum grupo político ou armado", assegurou Raed Saleh à AFP.

- Na mira do regime -
Entretanto, o regime sírio e seu aliado russo costumam atacar os Capacetes Brancos.

Alguns reprovam afirmando que são marionetes dos governos estrangeiros que apoiam os rebeldes sírios. Outros denunciam que militantes extremistas fazem parte dessa organização.

Em uma entrevista à AFP em abril de 2017, Assad os tachou de membros do grupo extremista Al-Qaeda.

"Fizeram a barba, colocaram capacetes brancos e apareceram como heróis humanitários. Mas essa imagem não é certa", lançou o presidente sírio.

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