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Trabalhadores do setor elétrico iniciam greve na Venezuela

As principais reivindicações são por aumentos salariais e investimentos para revitalizar o serviço


Caracas, Venezuela - "Eu não posso nem comprar um pão", queixa-se Giovanni ao justificar no início dessa segunda-feira (23/7) uma greve de trabalhadores venezuelanos do setor elétrico por aumentos salariais e investimentos para revitalizar o serviço afetado por contínuos apagões.

[SAIBAMAIS]"Estamos em greve por tempo indeterminado. Queremos uma reivindicação salarial", disse à AFP Giovanni González, técnico da estatal Corpoelec, na entrada de uma usina paralisada da empresa em La Yaguara, oeste de Caracas.

Apontando para uma antiga máquina no local, González reclama da deterioração de equipamentos e instalações.

Os salários na Venezuela têm sido corroídos por uma hiperinflação, que pode alcançar 1.000.000% em 2018, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciada nesta segunda-feira.

Trabalhadores como González, há 26 anos na companhia, ganham um salário mínimo (3 milhões de bolívares por mês, mais um vale alimentação de 2,1 milhões), o que equivale a 1,5 dólar no mercado paralelo. Com sua renda mensal, ele não consegue comprar nem um quilo de carne.

"Iniciamos a greve com a presença dos trabalhadores em seus postos, mas sem trabalhar", disse Reinaldo Díaz, dirigente da Federação de Trabalhadores do Setor Elétrico (Fetraelec), à imprensa.

O governo, que tem influência sobre alguns sindicatos, ainda não reagiu ao anúncio. Alguns grupos de funcionários realizaram pequenos protestos em frente à sede da estatal. "A Corpoelec paga salários de fome", dizia um dos cartazes.

Segundo Díaz, as principais usinas elétricas operam com somente 25% de sua capacidade. O governo do presidente Nicolás Maduro atribui as falhas a "sabotagens" da oposição.

"(Luis) Motta Domínguez (ministro da Energia Elétrica) chama tudo de sabotagem. Ocorrem roubos de cabos, que não vou justificar, mas são roubos motivados pela situação do país", disse o líder sindical.

"Somos trabalhadores, não somos sabotadores", afirma González, descartando motivações políticas.

Os protestos por motivações trabalhistas têm aumentado ao longo de 2018.

Trabalhadores da saúde pública estão em greve desde o dia 25 de junho para pedir aumentos salariais e melhorias na rede hospitalar, com um desabastecimento de insumos médicos de 90%, segundo o sindicato da classe. Professores universitários também debatem a possibilidade de realizarem uma greve por tempo indeterminado.