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Estudante brasileira é assassinada a tiros na Nicarágua, confirma amigo

De acordo com mensagens divulgadas pelo Twitter, Rayneia retornava para casa quando teve o carro fuzilado por paramilitares, próximo ao Colégio Americano, na capital da Nicarágua

Rodrigo Craveiro
postado em 24/07/2018 12:04
Raynéia Gabrielle Lima
Raynéia Gabrielle Lima, 32 anos, tornou-se a primeira vítima brasileira da repressão exercida pelas forças do governo do presidente nicaraguense, Daniel Ortega, contra manifestantes. Um jornalista e um amigo da pernambucana, que cursava o 5o ano de medicina na Universidad Autónoma de Manágua (UAM), confirmaram ao Correio a morte, ocorrida por volta das 23h (hora local) de segunda-feira (23/7).
"Lamentavelmente, ela foi fuzilada por paramilitares deste governo assassino. Eu a conhecia há aproximadamente dois anos. Ela também era modelo aqui em Manágua. Fizemos uma peça publicitária juntos. Era uma pessoa muito boa, muito amiga, sorridente e amável", relatou Andreu Lorio Cuevas.
De acordo com mensagens divulgadas pelo Twitter, Rayneia retornava para casa quando teve o carro fuzilado por paramilitares, próximo ao
Colégio Americano, na capital da Nicarágua.
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Segundo informações da AFP, O governo brasileiro reagiu por meio de nota do Itamaraty, expressando sua "profunda indignação e condenação à trágica morte ontem, 23 de julho, da cidadã brasileira Raynéia Gabrielle Lima (...) atingida por disparos em circunstâncias sobre as quais está buscando esclarecimentos junto ao governo nicaraguense".

Também exigiu que se façam os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis deste "ato criminoso".

"O governo brasileiro torna a condenar o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança", acrescenta o comunicado.

A presidente do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), Vilma Núñez, declarou que a estudante "foi alvejada sem nenhuma razão" e disse que a organização vai realizar investigações sobre o incidente.

- Polícia nega responsabilidade -

A Polícia negou responsabilidade e atribuiu a morte da brasileira a um vigilante privado, segundo à AFP.
"Um guarda de vigilância privada, em circunstâncias ainda não determinadas, efetuou disparos com arma de fogo, um dos quais atingiu (Raynéia), provocando-lhe ferimentos", segundo um comunicado da Polícia.

O autor dos disparos "está sendo investigado para o esclarecimento do fato", acrescentou.

Os protestos, que começaram em 18 de abril contra uma reforma da Previdência Social, levaram ao pedido de impeachment do presidente Daniel Ortega e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo.

Na segunda-feira, Ortega, de 72 anos, disse à emissora Fox News que planeja completar seu mandato até 2021, apesar dos pedidos de renúncia feitos pela oposição.

"Alterar as eleições geraria instabilidade, insegurança e pioraria as coisas", declarou Ortega.

No entanto, o vice-presidente americano, Mike Pence, pediu nesta terça-feira (24/7) ao presidente nicaraguense que ponha fim à violenta repressão e convoque eleições antecipadas.

"A violência patrocinada pelo Estado na Nicarágua é inegável. A propaganda de Ortega não engana ninguém e não muda nada", escreveu Pence no Twitter, estimando o número de mortos em "mais de 350" e responsabilizando o governo pelos óbitos.

"Os Estados Unidos pedem ao governo de Ortega que ponha fim à violência AGORA e celebre eleições antecipadas ; o mundo está de olho", emendou.

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