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Luto no sul da Síria após os atentados mais sangrentos desde 2011

O balanço de vítimas não para de aumentar desde que começaram a ser relatados os detalhes da onda de atentados na quarta-feira, 25/7

Agência France-Presse
postado em 26/07/2018 15:24
O balanço de vítimas não para de aumentar desde que começaram a ser relatados os detalhes da onda de atentados na quarta-feira, 25/7
A província síria de Sueida enterrava nesta quinta-feira (26/7) as pessoas mortas na quarta-feira nos atentados coordenados do grupo extremista Estado Islâmico (EI), que custaram a vida de 250 pessoas, em um dos ataques mais sangrentos desde 2011.

[SAIBAMAIS]A maioria das vítimas são civis, mortos em várias localidades do norte da província meridional de Sueida, controlada pelo regime de Bashar al-Assad. Os jihadistas assassinaram vários deles dentro de suas casas.

O número de mortos é o mais elevado nesta província da Síria desde o início da guerra em 2011, e um dos mais altos em todo o país, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Os extremistas do EI estão presentes em uma área desértica no nordeste dessa região, onde, até agora, tinham conseguido evitar as confrontações.

O balanço de vítimas não para de aumentar desde que começaram a ser relatados os detalhes da onda de atentados na quarta-feira, 25/7.

"Até agora há 246 mortos, entre eles 135 civis", indicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O restante das vítimas letais é de combatentes pró-governo e moradores que tomaram as armas para defender suas aldeias.

"O balanço aumenta com civis que não resistiram aos ferimentos e pessoas que estavam desaparecidas e foram encontradas mortas", acrescentou Abdel Rahman.

Pelo menos 45 jihadistas morreram nos combates que se seguiram aos ataques.

A imprensa oficial síria confirmou os ataques com mortos e feridos na cidade de Sueida e povoados vizinhos, mas não deu um número específico.

Funerais em Sueida

A televisão estatal síria transmite desde o início da manhã os funerais de várias vítimas de Sueida. Muitos dos habitantes vestiam a tradicional veste drusa - um ramo do islã xiita - composta de calça saruel preta e um gorro branco.

Uma dúzia de caixões foi coberta com a bandeira síria e disposta no centro de uma grande sala. Alguns exibiam retratos das vítimas.

Ao mesmo tempo, um grupo de homens, que foi ovacionado, dançava e levantava suas armas como um sinal de raiva e em homenagem às vítimas.

Na sala, cheia de gente, também havia bandeiras da comunidade drusa, maioria na província de Sueida. A comunidade drusa, que representa 3% da população síria, mantém uma posição neutra nesta guerra.

Em um comunicado difundido pelo Telegram, o EI disse que "soldados do califado" atacaram postos de segurança e alvos do governo na cidade de Sueida.

O grupo também publicou imagens nos meios de propaganda do EI, nas quais jihadistas apareciam decapitando pelo menos quatro homens, apresentados como combatentes do regime de Bashar al-Assad capturados em Sueida.

Esses ataques ocorrem em um momento em que governo já controla 90% das províncias de Deraa e Quneitra, após sua devastadora ofensiva militar de junho.

Após sua expansão meteórica em 2014 e a proclamação de seu "califado" na Síria e no Iraque, o EI não parou de amargar derrotas no ano passado e agora controla menos de 3% do território sírio.

Bandeira hasteada

Em outra frente no conflito, as tropas sírias hastearam, nesta quinta-feira, a bandeira nacional na passagem de Quneitra, que estava sob controle rebelde desde o início da guerra civil e localizada na fronteira com a parte das Colinas de Golã ocupada por Israel, informou o OSDH.

Segundo o jornal Al-Watan, "as tropas hastearam a bandeira na passagem de Quneitra, a poucas dezenas de metros das tropas inimigas israelenses".

O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane, informou que as tropas entraram na destruída cidade de Quneitra, depois que os grupos rebeldes a abandonaram.

A cidade e seus arredores estavam nas mãos de uma aliança de grupos jihadistas, a Hayat Tahrir al-Sham (HTS).

Mais de 350.000 pessoas morreram desde o início da guerra na Síria em 2011, um conflito que se intensificou com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos jihadistas.

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