Agência France-Presse
postado em 28/07/2018 12:20
Moscou, Rússia - Milhares de russos participavam, neste sábado (28/7), de manifestações convocadas em todo o país pelo Partido Comunista para protestar contra um projeto do governo de aumentar a idade de aposentadoria.Em Moscou, 100 mil pessoas, segundo os organizadores (10 mil de acordo com os jornalistas), participam de uma manifestação contra a reforma, que ainda está em debate no parlamento.
Os manifestantes gritavam slogans como "Putin, não toque em nossa aposentadoria" e alguns carregavam cartazes pedindo "para não morrer no trabalho".
Houve também protestos em outras cidades, como em São Petersburgo, onde cerca de mil pessoas foram às ruas, algumas com retratos de Stalin.
Em Novossibirsk, na Sibéria Ocidental, a agência estatal de notícias Tass falou de 1.200 manifestantes, citando dados da prefeitura.
Os protestos também saltaram para a Internet, com uma petição que já reunia 2,9 milhões de assinaturas.
Putin não falou sobre essa medida durante a campanha eleitoral que levou à sua reeleição em março. Em julho, sua popularidade caiu para 64%, ante 80% em maio, segundo o Centro Russo de Estudos de Opinião (VTsIOM).
"Muitas pessoas acreditaram em Putin quando ele disse que não haveria reforma da previdência. Pura demagogia. Estou muito desapontada", disse Irina Ivanova, uma manifestante de 49 anos de São Petersburgo.
O projeto pretende aumentar progressivamente a idade de aposentadoria pela primeira vez em 90 anos. Atualmente as mulheres se aposentam aos 55 anos e os homens aos 60 anos, e passaria a 63 e 65 anos, respectivamente.
Putin afirmou na semana passada que não gostava da ideia, mas que era necessário "tomar decisões cruciais".
Aqueles que se opõem à medida também argumentam que, tendo em conta a expectativa de vida dos homens na Rússia (66 anos), muitos não poderão usufruir da aposentadoria.
"Eles chegarão à idade da aposentadoria no caixão", disse Guennadi Ziouganov, líder do Partido Comunista, em uma manifestação em Moscou.