Agência France-Presse
postado em 04/08/2018 20:36
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, diz ter sofrido um atentado com explosivos durante ato militar neste sábado (4/8), em Caracas, pelo qual acusou o contraparte colombiano, Juan Manuel Santos.
Em discurso transmitido por rede de rádio e televisão, Maduro disse que um "artefato voador" explodiu na sua frente.
"Trata-se de um atentado para me matar, tentaram me assassinar no dia de hoje (...) Não tenho dúvidas de que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste atentado", afirmou Maduro.
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Maduro anunciou ter havido vários detidos relacionados com o atentado, cujos financiadores estariam nos Estados Unidos, razão pela qual pediu ajuda ao presidente americano.
"Foram capturados parte dos atores materiais dos atentados e já se encontram processados (...) Não vou me adiantar mais, porém a investigação já está muito adiantada", afirmou Maduro.
"As primeiras investigações nos indicam que vários dos financiadores vivem nos Estados Unidos, no estado da Flórida. Espero que o presidente Donald Trump esteja disposto a combater grupos terroristas", acrescentou o presidente venezuelano.
Mais cedo, o governo venezuelano informou que sete militares ficaram feridos no "atentado" com drones que teria sido orquestrado contra Maduro, que saiu ileso do ataque.
"Trata-se de um atentado contra a figura do presidente Nicolás Maduro", disse o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, após o incidente no qual Maduro aparecia na televisão quando interrompeu repentinamente seu discurso durante ato pelo 81; aniversário da Guarda Nacional venezuelana, em Caracas.
Rodríguez explicou que "uma carga explosiva (...) detonou nas proximidades do palanque presidencial" e outras em diferentes locais da parada no centro da capital venezuelana.
O ministro informou que "para tranquilidade de todos", Maduro "saiu completamente ileso e se encontra neste momento realizando seu trabalho habitual e em reunião permanente com o alto comando político, com os ministros e o alto comando militar".
No entanto, informou que as detonações causaram "alguns ferimentos em sete efetivos" da Guarda Nacional Bolivariana, que estavam no local do desfile, e "estão sendo atendidos neste momento" em hospitais.
Momentos de tensão
Parte do incidente pôde ser visto pelas imagens da emissora estatal VTV.
De pé, Maduro, estava prestes a terminar seu discurso quando ouviu um barulho que chamou sua atenção e ele olhou para o alto, assim como a primeira-dama, Cilia Flores, e o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López.
"Vamos pela direita", disse um dos seguranças do presidente.
Antes de o canal interromper a transmissão, viu-se dezenas de militares rompendo fileiras e correndo de forma desordenada.
Maduro presidia o ato pelo aniversário da Guarda Nacional, e no momento do incidente, falava sobre sua decisão de regular a venda de gasolina, a mais barata do mundo, em meio à grave crise socioeconômica que castiga o país petroleiro.
Governo culpa a "ultradireita"
O governo atribuiu o ataque à ultradireita, como costuma se referir à oposição.
Estes fatos não "evidenciam senão o desespero que já vinhamos notando em alguns porta-vozes da ultradireita venezuelana", afirmou o ministro da Comunicação, um dos funcionários de maior confiança do presidente socialista.
"Não evidenciam mais que o ódio (...) daqueles que, sendo derrotados no campo político, sendo derrotados no campo da guerra econômica (...) não hesitam em recorrer a práticas criminosas, brutais", acrescentou.
O presidente da Assembleia Constituinte e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, também criticou a oposição, profundamente dividida.
"A direita insiste na violência para tomar espaços que não podem pelo voto, nosso irmão presidente Nicolás Maduro e o alto comando político e militar ilesos depois do atentado terrorista (...) Não vão poder conosco", escreveu Cabello no Twitter.
Maduro, um ex-motorista de ônibus de 55 anos, chegou ao poder em 2013 após a morte de Hugo Chávez, que governava desde 1999.
O presidente, confrontado com uma forte rejeição popular devido à profunda crise econômica, foi reeleito em 20 de maio passado em polêmicas eleições que a oposição decidiu boicotar por considerá-las ilegítimas.
Sua reeleição não foi reconhecida por Estados Unidos, União Europeia e grande parte da comunidade internacional.