Venezuela - A Procuradoria venezuelana revelará nesta segunda-feira (6/8) a identidade de seis pessoas detidas por suspeita de tentar assassinar o presidente Nicolás Maduro com drones carregados com explosivos.
Antecipando uma "punição implacável", o procurador-geral, Tarek William Saab, de linha governista, afirmou que divulgará o detalhes sobre o "atentado" do qual o presidente saiu ileso no sábado, durante uma parada militar em Caracas. Saab presenciou o incidente na tribuna onde o presidente socialista dava um discurso e quando explodiu um dos drones, ferindo sete militares, segundo o governo.
Um relatório policial ao qual teve acesso a AFP identifica um dos homens como César Saavedra, que foi preso perto de um prédio residencial onde explodiu o segundo artefato. "Estão identificados os autores materiais e intelectuais, dentro e fora do país", assegurou no domingo o ministro do Interior, Néstor Reverol.
Maduro declarou na véspera que prepara uma resposta dura à tentativa de assassinato. Ele afirma que os "financiadores do plano estão nos Estados Unidos e que a ordem de atacá-lo veio de Bogotá". "Não tenho dúvidas de que o nome de [presidente colombiano] Juan Manuel Santos está por trás deste atentado", afirmou Maduro. "São absurdas e carecem de qualquer fundamento as declarações" contra Santos, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia em um comunicado.
Washington negou qualquer participação nos fatos. "Maduro reforça, assim, sua narrativa de que a crise da Venezuela se deve a atores externos de Colômbia e Estados Unidos, mas não está claro se esta tática vai funcionar", disse à AFP o diretor da instituição Diálogo Interamericano, Michael Shifter.
O ataque foi atribuído a um suposto grupo de militares rebeldes, identificado como Movimento Nacional Soldados de Camisetas, mas as autoridades não confirmaram a informação.
Marcha de apoio a Maduro
Em apoio ao presidente, os partidos da coalizão governista, funcionários públicos e organizações sociais farão uma manifestação nesta segunda junto ao palácio presidencial Miraflores. Não foi confirmada ainda a presença de Maduro, que enfrenta uma forte rejeição popular devido à crise econômica e escassez de alimentos e medicamentos, além de uma inflação que chega a 1.000.000%, segundo o FMI.
Maduro guardou silêncio sobre o caso no domingo, mas o alto comando militar se pronunciou opara reiterar sua "irrestrita lealdade" ao chefe de Estado. Com grande poder político, as Força Armadas são consideradas o principal apoio do presidente.
Com a ameaça de perseguir com mão de ferro os responsáveis pelo suposto atentado, a oposição tem uma onda repressiva no país. A condução do caso é uma "tentativa de criminalizar quem legítima e democraticamente se opõe a ele e aprofundar a repressão", denunciou a opositora Frente Ampla.
Um vídeo divulgado pelo governo mostra o momento em que uma explosão é ouvida e os seguranças de Maduro, que fazia um discurso, cobrem-no com um colete à prova de balas. Ao contrário do presidente, que permaneceu de pé e tentou observar o que acontecia, vários militares a seu lado se abaixaram e, pouco depois, Maduro foi retirado do local. Sua esposa, Cilia Flores, e vários nomes importantes do governo estavam no palanque.
Após a explosão, dezenas de militares começaram a correr de maneira desordenada. A transmissão da cerimônia em rede de rádio e televisão foi interrompida. Fotografias mostram um militar ensanguentado.
Ex-motorista de ônibus, 55 anos, Maduro chegou ao poder em 2013, após a morte de Hugo Chávez, que governava o país desde 1999. Foi reeleito em 20 de maio em uma votação polêmica, boicotada pela oposição, que considerou o pleito ilegítimo. Sua reeleição não foi reconhecida por grande parte da comunidade internacional.