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Califórnia é castigada por novo incêndio recorde

A Califórnia sofre com o maior incêndio de sua história recente, o "Complexo Mendocino", que ganha terreno no norte do estado mais populoso dos Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 07/08/2018 15:51
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Clearlake Oaks, Estados Unidos - A Califórnia sofre com o maior incêndio de sua história recente, o "Complexo Mendocino", que ganha terreno no norte do estado mais populoso dos Estados Unidos.

O recorde anterior de incêndio na Califórnia remonta há apenas oito meses. Cerca de dez pessoas morreram desde o início do verão (hemisfério norte) em meio às chamas que devastam o estado.

[SAIBAMAIS]Até agora, somente cerca de 30% do "Complexo Mendocino" foi controlado, informa o CalFire, o serviço estadual de luta contra incêndios. Já deixou pelo menos dois mortos.

Esse grande incêndio é composto de dois focos próximos deflagrados em 27 de julho e que formaram, juntos, o maior incêndio já conhecido na Califórnia. Já queimou 114.850 hectares, quase a superfície da imensa cidade de Los Angeles, e mais do que os 114.078 hectares devastados em dezembro de 2017 pelo incêndio Thomas - o recorde anterior.

"Hoje, uma zona de alta pressão trouxe para a região um clima mais quente, de seca e de ventos fortes", explicou a CalFire em nota divulgada na segunda-feira à noite.

"Esta noite, as equipes de bombeiros tentaram aproveitar as temperaturas mais baixas" para reforçar suas medidas de controle de segurança, acrescentou a CalFire.

Tornado de fogo

Mais ao norte da Califórnia, arde desde 23 de julho um outro incêndio devastador, o "Carr", que deixou sete mortos e destruiu mais de 1.600 imóveis, incluindo cerca de mil residências. De acordo com o último balanço do CalFire, na segunda-feira, as chamas haviam sido contidas em 45%.

O incêndio Carr, tão intenso que gerou, em alguns momentos, um turbilhão semelhante a um tornado de fogo, foi provocado - segundo as autoridades - pela "falha mecânica de um veículo", causando faíscas em uma zona que virou cinzas por conta da seca.

O "Ferguson", outro grande incêndio da região deflagrado em 13 de julho e que matou dois bombeiros e provocou o fechamento parcial do parque nacional de Yosemite em plena temporada de férias, estava contido em 38%.

Mais de 14.000 bombeiros combatem as chamas no estado.

Milhares de pessoas foram retiradas desde o início dessa série de incêndios. Alguns foram autorizadas a voltar para suas casas nos últimos dias.

Esses incêndios são "extremamente rápidos, extremamente agressivos, extremamente perigosos", declarou Scott McLean, chefe adjunto do departamento florestal da Califórnia e da proteção contra incêndios.

"Vejam como este ficou enorme em apenas alguns dias (...). Vejam com que rapidez esse incêndio do Complexo Mendocino subiu na classificação", apontou McLean.

;Estufa;

O presidente americano, Donald Trump, culpou a falta de água para o combate às chamas e recomendou "cortar as árvores".

Ignorando qualquer relação com o fenômeno da mudança climática, Trump afirma os incêndios californianos são "amplificados" pelas "leis ambientais ruins que não permitem usar corretamente enormes quantidades de água facilmente acessível".

"Se desviou no oceano Pacífico. Também é preciso cortar as árvores para impedir o fogo de se alastrar", tuitou Trump ontem. No ano passado, o presidente retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o clima.

Na verdade, "temos muita água para lutar contra os incêndios, mas, sejamos claros: é nosso clima modificado que leva a incêndios mais graves e mais destrutivos", declarou ao jornal The New York Times o subchefe adjunto do CalFire, Daniel Berlant.

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