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Autoridades recuperam caixa-preta de avião roubado em Seattle

A diretora regional da Comissão Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), afirmou que a caixa-preta estava queimada, mas intacta

Agência France-Presse
postado em 13/08/2018 14:34
As autoridades descartaram qualquer vínculo terrorista
Seattle, Estados Unidos - As autoridades recuperaram no domingo os dados do avião que um funcionário de uma companhia aérea roubou em Seattle para depois realizar acrobacias com a aeronave e cair na na baía da cidade do noroeste dos Estados Unidos.

A diretora regional da Comissão Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), Debra Eckrote, afirmou que a caixa-preta estava queimada, mas intacta. Os registros serão enviados para Washington DC e a análise dos dados começará nos próximos dias.

[SAIBAMAIS]Eckrote, diretora para a região Oeste-Pacífico da NTSB, destacou o estado de destruição do avião, depois de passar por várias linhas de árvores que o deixaram em pequenos pedaços.

"Você mal conseguiria dizer que era um avião, exceto pelas partes maiores, como a asa. As partes pequenas não parecem com as de um avião". A NTSB não respondeu até o momento o pedido da AFP de confirmação da descoberta.

Richard Russell, funcionário de pista da companhia Horizon Air, roubou na sexta-feira à noite um bimotor Bombardier Q400, que pilotou por mais de uma hora antes da queda. Dois caças F-15 perseguiram o avião, mas não forçaram o pouso. Russell, que morreu no impacto, estava sozinho na aeronave, que tinha capacidade para 76 passageiros.

As autoridades descartaram qualquer vínculo terrorista, enquanto a polícia descreveu o homem de 29 anos como "suicida". Parentes e amigos disseram que ele era "calado, mas muito amigável".

;Surpresos e com o coração partido;

Em um diálogo com a torre de controle antes de cair, Russell se descreveu como "um tipo destroçado e com alguns parafusos soltos". "Há muita gente que se preocupa comigo. Vou decepcioná-los quando ouvirem que disse isso. Gostaria de me desculpar com todos e cada um deles", afirmou o homem de 29 anos, a quem o xerife local classificou de "suicida".

Em um comunicado, sus familiares, que o chamam de "Beebo", asseguraram que era "meigo e compassivo". "Estamos surpresos e com o coração partido", indicou a família no texto, que será, segundo afirmaram, sua única declaração pública. "Era um marido fiel, um filho amoroso e um bom amigo... Isso é um um completo choque para nós", afirmaram ainda.

Um blog pessoal de Russell, atualizado pela última vez em dezembro de 2017, dizia que ele nasceu na Flórida e se mudou para o Alasca aos sete anos, informação que as autoridades confirmaram.

Escreveu que conheceu sua esposa em Oregon, em 2010, que se casaram um ano depois e que abriram uma confeitaria que administraram por três anos. O casal se mudou para Washington em 2015 para ficar perto da família, segundo o blog.

Seu trabalho na Horizon Air, onde começou em 2015, envolvia rebocar aviões, carregar e descarregar bagagem e limpar as aeronaves, segundo as autoridades. Seu blog dá a impressão de que gostava do trabalho e que usou os benefícios da empresa para viajar a lugares como Irlanda e França.

Russell também era líder de uma comunidade cristã local. "Era muito, muito simpático, se relacionava com todo mundo", declarou Hannah Holmes, que também trabalhou nesse grupo religioso, citada pelo jornal The Seattle Times.

Rick Christenson, um supervisor de operações da companhia aérea, o descreveu como um "cara calado", mas "de quem seus colegas gostavam".

;Violação grave;

"Russell teve acesso legítimo ao avião", afirmou Mike Ehl, diretor de operações aéreas do aeroporto. "Não foram cometidas violações de segurança", garantiu.

Michael Huerta, que até janeiro deste ano era chefe da Administração Federal de Aviação (FAA), acredita no contrário. "A segurança é algo levado muito a sério e isso foi claramente uma violação grave. Não me surpreenderia se forem tomadas medidas para mudar o protocolo", declarou.

Gary Beck, presidente da Horizon Air, disse não ter conhecimento de que Russell tinha uma licença de piloto. No diálogo com a torre, quando o controlador aéreo tentou guiá-lo, ele respondeu: "não preciso de muita ajuda; já joguei alguns videogames antes". Ele não especificou se o videogame era um simulador.

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