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Ex-arcebispo australiano condenado por encobrir pedofilia evita prisão

O ex-arcebispo australiano Philip Wilson não irá para a cadeia, após um juiz lhe conceder progressão para prisão domiciliar

Agência France-Presse
postado em 14/08/2018 15:57
Wilson é um dos eclesiásticos de mais alto escalão na hierarquia católica mundial a ser condenado por esse tipo de crime
Sydney, Austrália - Condenado a um ano de detenção por acobertar abusos sexuais contra crianças, o ex-arcebispo australiano Philip Wilson não irá para a cadeia, após um juiz lhe conceder, nesta terça-feira (14), progressão para prisão domiciliar.

Philip Wilson, de 67 anos, foi condenado em maio passado por omitir os abusos cometidos pelo padre pedófilo Jim Fletcher nos anos 1970 no estado de Nova Gales do Sul.

[SAIBAMAIS]Nesta terça-feira, o juiz Robert Stone anunciou que Wilson não precisará cumprir a pena na prisão, diante de sua idade avançada e das más condições físicas e mentais. Deverá, porém, usar uma tornozeleira eletrônica, segundo o jornal "Newcastle Herald".

Wilson foi padre em Nova Gales do Sul até ser nomeado pelo papa João Paulo II como bispo de Wollongong, em 1966. Cinco anos depois, tornou-se arcebispo de Adelaide. Renunciou ao posto de arcebispo em julho, após o premier australiano, Malcolm Turnbull, pedir ao Vaticano para afastá-lo do cargo.

Depois de uma década de revelações, o governo australiano cedeu à pressão e criou uma comissão para investigar as denúncias. Com base no testemunho de milhares de vítimas, a investigação determinou que 7% dos religiosos católicos australianos fossem acusados de abusos sexuais de crianças entre 1950 e 2010, sem que as recomendações dessem lugar a investigações.

Sem comentários

Wilson não fez qualquer comentário ao deixar o tribunal, onde era esperado pelas vítimas de Jim Fletcher. Uma delas, Peter Gogarty, exigiu que o arcebispo pedisse perdão, mas o religioso permaneceu calado. "Vai pedir perdão pelo que fez a mim e a todos que sofreram abusos quando eram crianças?", insistiu Gogarty.

Outra vítima de Jim Fletcher, Daniel Feenan, também criticou a atitude de Wilson. "Gostaria que demonstrasse algum arrependimento, gostaria que perdisse perdão", afirmou.

Durante o julgamento, não houve dúvidas de que o padre Jim Fletcher, já falecido, abusou sexualmente de um coroinha, mas a Justiça queria determinar se Philip Wilson, então um jovem sacerdote, tinha conhecimento dos fatos.

O eclesiástico negou todas as acusações e seus advogados tentaram várias vezes arquivar o caso, alegando o fato de o religioso ter Alzheimer. Wilson é um dos eclesiásticos de mais alto escalão na hierarquia católica mundial a ser condenado por esse tipo de crime.

O papa Francisco adotou a linha de tolerância zero contra a pedofilia na Igreja, após uma série de escândalos que abalaram e continuam abalando seu papado.

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