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Nebraska realiza primeira execução com injeção letal de fentanil nos EUA

O estado de Nebraska não realizava execuções desde 1997 e esta foi a primeira vez com injeção letal em sua história

Agência France-Presse
postado em 14/08/2018 16:57
Carey Dean Moore foi o primeiro preso executado em 21 anos neste estado e também o primeiro a morrer com injeção letal que contém fentanil
Chicago, Estados Unidos - O estado de Nebraska realizou nesta terça-feira (14) sua primeira execução com fentanil, um opiáceo que está no centro de uma crise de mortes por overdose nos Estados Unidos, como parte de uma combinação de quatro medicamentos que não tinha sido testada.

Carey Dean Moore, de 60 anos, condenado à morte por dois assassinatos cometidos em 1979, foi o primeiro preso executado em 21 anos neste estado rural do centro do país e também o primeiro a morrer com injeção letal que contém fentanil.

Moore foi declarado morto às 10H47 locais (12H47 de Brasília), em uma execução que durou aproximadamente 20 minutos, segundo Scott Frakes, diretor do Departamento de Serviços Correcionais de Nebraska.

Foi uma prova crucial para este estado, onde o Legislativo aboliu em 2015 a pena de morte, mas os eleitores a restabeleceram no ano seguinte em um referendo. A última execução, em 1997, foi executada na cadeira elétrica.

"Reconheço que as execuções atualmente impactam muita gente em muitos níveis", disse Frakes, acrescentando que a injeção letal foi aplicada com "profissionalismo, respeito ao processo e dignidade para todos os envolvidos".

O coquetel continha quatro substâncias, inclusive três que nunca tinham sido utilizadas durante uma execução, o que demonstra a dificuldade que tiveram os estados do país para obter medicamentos usados anteriormente em execuções.

O protocolo consiste em sedativo diazepam, o poderoso analgésico fentanil, o relaxante muscular cisatracúrio e cloreto de potássio, que para o coração. Só o potássio foi utilizado antes em execuções.

Na semana, o fabricante alemão de medicamentos Fresenius Kabi impugnou a execução de Morre na corte, ao acreditar que era a fonte de dados de duas destas drogas e alegando que foram adquiridas ilegalmente.

O estado insistiu em que os medicamentos foram obtidos legalmente e um juiz federal lhes deu razão. Na segunda-feira, uma corte de apelações também se posicionou contra a empresa alemã.

Moore esteve no corredor da morte por 38 anos e disse que não queria mais demora. O homem foi sentenciado à pena capital em 1980 pelo assassinato de dois taxistas com cinco dias de diferença. Ele admitiu ter matado o primeiro em um assalto cometido com seu irmão.

Ao dizer suas últimas palavras, Moore fez alusão a uma declaração por escrito com data de 2 de agosto, na qual se referia a seus companheiros que permanecem no corredor da morte em Nebraska que se dizem inocentes.

"Eu sou culpado, eles não", escreveu. "Por que devem permanecer ali mais um dia?". Moore também pediu perdão ao seu irmão.

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