Agência France-Presse
postado em 15/08/2018 07:18
Tóquio, Japão - O imperador Akihito expressou nesta quarta-feira (15/8) um "profundo remorso" pelas ações de seu país durante a Segunda Guerra Mundial, no dia do 73; aniversário da rendição do Japão em 1945. "Refletindo sobre nosso passado e levando em consideração os sentimentos de profundo remorso, espero fervorosamente que os estragos da guerra nunca se repitam", disse o imperador de 84 anos, diante de 6.000 pessoas no salão Nippon Bukoan, no centro de Tóquio.
Esta foi a última participação nesta cerimônia do imperador, que deve abdicar em abril de 2019 e que será substituído por seu filho Naruhito, por meio de uma lei especial que permitirá a ascensão ao trono antes da morte de seu pai.
Akihito, filho de Hirohito, imperador do Japão durante a guerra, que anunciou a rendição em 15 de agosto de 1945, usou a expressão "profundo remorso" pela primeira vez em 2015 e desde então a repetiu a cada cerimônia. Mais cedo, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe apresentou uma oferenda no polêmico santuário Yasukuni de Tóquio, mas não visitou o local pessoalmente.
Shinzo Abe enviou um assistente em seu lugar, permanecendo mais uma fez afastado do santuário que homenageia os mortos pela pátria, incluindo criminosos de guerra condenados. A decisão de Abe foi tomada no momento em que o chefe de Governo tenta melhorar os laços com a China, já que suas visitas e as de outros políticos japoneses ao santuário provocaram a irritação de Pequim e outros vizinhos no passado.
O santuário privado de Yasukuni presta homenagem a quase 2,5 milhões de soldados e outras pessoas que trabalharam para o exército e morreram pelo Império Japonês desde o início da era Meiji (1868) até o fim da Segunda Guerra Mundial. No entanto, desde 1978 o local também conta em seus registros com os nomes de japoneses condenados por crimes de guerra pelos Aliados após a rendição do Japão, que aconteceu depois dos bombardeios atômicos dos Estados Unidos sobre Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto), que deixaram mais de 210.000 mortos.
Por este motivo, o santuário é objeto de críticas de países que sofreram com o colonialismo e as agressões japonesas na primeira metade do século XX, como a China e as duas Coreias. "Por favor, rezem pelas almas dos mortos. Sinto muito não poder comparecer pessoalmente", afirmou o assistente Masahiko Shibayama, ao citar Abe.
O primeiro-ministro japonês discursará nas próximas horas em um estádio de Tóquio sobre o aniversário do fim da guerra.