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Dois milhões de muçulmanos começam peregrinação a Meca

Os peregrinos chegam a Meca, na parte oeste do reino, saídos de todo mundo, especialmente de Egito, Índia, Paquistão, Bangladesh e Sudão, detalham as autoridades, segundo as quais já são mais de dois milhões, em sua maioria estrangeiros

Agência France-Presse
postado em 19/08/2018 11:43
Os peregrinos chegam a Meca, na parte oeste do reino, saídos de todo mundo, especialmente de Egito, Índia, Paquistão, Bangladesh e Sudão, detalham as autoridades, segundo as quais já são mais de dois milhões, em sua maioria estrangeiros

Meca, Arábia Saudita -
Sob um sol forte, mais de dois milhões de muçulmanos começaram neste domingo (19/8) a peregrinação anual a Meca, em uma Arábia Saudita em plena transformação.

A concentração de multidões representa um desafio logístico para as autoridades. O "hach" (peregrinação) é um dos cinco pilares do Islã de cumprimento obrigatório para todos os muçulmanos ao menos uma vez na vida, sempre que disponham de meios para fazê-lo.

"Vir aqui é o sonho de todo o muçulmano", é "a última viagem", declarou à AFP Soliman Ben Mohri, um comerciante de 53 anos que mora na França. O fervor é tanto que alguns peregrinos acabam esquecendo dos 40;C. "Oh Alá, aqui estou diante de ti", repetem grupos de fiéis, pedindo clemência a Deus.

Os peregrinos chegam a Meca, na parte oeste do reino, saídos de todo mundo, especialmente de Egito, Índia, Paquistão, Bangladesh e Sudão, detalham as autoridades, segundo as quais já são mais de dois milhões, em sua maioria estrangeiros.

Alta tecnologia e tradutores

Neste domingo, os fiéis vão a um vale de Mina, onde pernoitarão antes de se dirigirem para o Monte Arafat, momento culminante da peregrinação.

Foi nesse momento onde, segundo a tradição islâmica, o profeta Maomé pronunciou seu último sermão. Neste local, os peregrinos passam o dia rezando e pedindo clemência a Alá. A peregrinação terminará com o Eid al-Adha, também conhecido como Festa do Sacrifício, que dura três dias e é seguido pelo ritual da "lapidação de Satanás".

Com o passar dos anos, o hajj foi adquirindo um aspecto cada vez mais tecnológico, com diversos aplicativos de celular para ajudar os fiéis a compreender as instruções, se orientar, ou obter atendimento urgente do Crescente Vermelho saudita.

Além disso, uma brigada de tradutores ajuda os fiéis que não falam árabe. As autoridades também melhoraram a segurança para evitar incidentes como os dos últimos anos. Em 2015, a peregrinação ficou de luto por uma gigantesca explosão, na qual morreram 2.300 pessoas, entre elas centenas de iranianos.

Iêmen e Catar

O hajj de 2018 ocorre em um momento no qual a Arábia Saudita, um país ultraconservador, encontra-se em plena transformação, com uma série de reformas que, por exemplo, permitiram que as mulheres dirijam. No entanto, ao mesmo tempo, as autoridades calam duramente as vozes dissidentes.

O príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, filho do rei e impulsionador das reformas, assegura que quer "voltar a um Islã moderado e tolerante", o que não o impede de multiplicar as prisões de dissidentes, incluindo defensores dos direitos humanos e clérigos críticos.

A peregrinação também coincide com uma guerra no Iêmen, onde a Arábia Saudita combate os rebeldes huthis xiitas, apoiados pelo Irã, grande rival regional de Riad.

Pelo segundo ano consecutivo, o Catar se queixou de que seus cidadãos foram privados do hajj pela crise diplomática com Riad. Já as autoridades sauditas acusam Doha de obstaculizar a mobilização de cidadãos aos lugares santos.

Cerca de 1.200 cidadãos do Catar deveriam poder participar do hajj, de acordo com um sistema de cotas por países, mas alguns se queixam da impossibilidade de se inscrever no site do Ministério de Peregrinação saudita.

Desde 1987, centenas de pessoas morreram em explosões, ou em confrontos entre policiais sauditas e peregrinos iranianos que se manifestavam contra Estados Unidos e Israel.

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