Agência France-Presse
postado em 03/09/2018 14:47
Pequim, China - A China investirá 60 bilhões de dólares no desenvolvimento econômico dos países da África - anunciou o presidente Xi Jinping, nesta segunda-feira (3), durante uma cúpula China-África em Pequim.
A China investirá "sem condições" outros 60 bilhões de dólares, apesar das críticas ocidentais que consideram que esse aporte aumenta muito sua dívida pública e reforça sua dependência de Pequim.
Xi Jinping fez o anúncio na inauguração do sétimo Fórum de Cooperação Sino-Africano, que reúne 54 países em Pequim durante dois dias.
A cúpula também serve para promover as chamadas Novas Rotas da Seda, um ambicioso programa lançado em 2013 por Xi para promover infraestruturas que conectem a economia chinesa com o resto do mundo.
Desde 2015, a China investe vários bilhões de dólares anualmente na África em infraestrutura (estradas, ferrovias, portos) e parques industriais, uma ajuda bem-vinda para países que querem acelerar seu desenvolvimento econômico.
No entanto, as nações ocidentais relatam que essa ajuda aumenta consideravelmente a dívida pública de alguns países do continente.
Diante das críticas, Xi garantiu que irá "cancelar" parte da dívida de países africanos insulares ou menos desenvolvidos que expira este ano, embora ele não tenha anunciado uma programação precisa.
Os 60 bilhões de dólares anunciados nesta segunda-feira incluem 20 bilhões em linhas de crédito. A China também criará dois fundos separados para financiar o desenvolvimento e a importação de produtos africanos.
O apoio chinês inclui 15 bilhões de dólares de "ajuda gratuita e empréstimos sem juros", bem como investimentos de empresas chinesas, disse Xi.
O governo de Pequim também incentivará as empresas chinesas a investirem "pelo menos 10 bilhões de dólares" na África nos próximos três anos.
"Os investimentos da China na África não são acompanhados por nenhuma condição política. A China não se intromete nos assuntos internos da África nem impõe sua vontade", disse Xi Jinping diante de uma sala cheia de representantes do mundo econômico.
No entanto, ele reconheceu que é necessário garantir a "viabilidade comercial dos projetos" para "reduzir o risco de investimentos".
;Neocolonialismo;
Após o discurso de Xi, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que participa da cúpula, e rechaçou que a ajuda econômica chinesa seja "neocolonialismo".
A expressão foi usada recentemente em Pequim pelo primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, que decidiu anular contratos de infraestruturas com a China de 22 bilhões de dólares por temor do aumento de sua dívida pública.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está preocupado, em particular, com o caso do Djibuti, um pequeno país africano, cuja dívida pública passou de 50% a 85% do Produto Interno Bruto (PIB) em apenas dois anos por causa dos créditos contratados com o Exim Bank, um banco público chinês.
[SAIBAMAIS]Em 2017, a China abriu sua primeira base militar no exterior precisamente neste país.
Em seu discurso, o presidente sul-africano pediu, no entanto, melhorias na balança comercial com a China. "Muitas vezes a África exporta matérias-primas para a China, enquanto a China exporta produtos manufaturados (...). Isso limita o potencial e a capacidade de produção da África, bem como a criação de empregos no continente africano", lamentou.
Na última cúpula sino-africana, realizada em Joanesburgo em 2015, o presidente chinês anunciou 60 bilhões de dólares de ajuda e empréstimos para os países africanos.
Este ano, a assinatura de alguns acordos é esperada, como um empréstimo de 328 milhões de dólares para o desenvolvimento de telecomunicações para a Nigéria, disse o governo do país africano.
No fim de semana, Xi Jinping se encontrou com inúmeros líderes africanos, como o presidente egípcio Abdel Fattah Al Sisi e o senegalês Macky Sall.
A China contribui para o desenvolvimento da África desde a descolonização, mas sua presença aumentou nos últimos anos, paralelamente à decolagem econômica do gigante asiático, a segunda economia mundial.