Agência France-Presse
postado em 03/09/2018 18:11
Caracas, Venezuela - O governo da Venezuela acusou nesta segunda-feira (3) funcionários das Nações Unidas de exagerarem a migração de venezuelanos para justificar uma "intervenção internacional", e responsabilizou a União Europeia pela "pior crise humanitária" no mundo.
"Nos comunicamos com o secretário-geral (da ONU), António Guterres, para manifestar nossa preocupação de que funcionários de forma isolada estejam sejam usados para transformar um fluxo migratório normal em uma crise humanitária justificadora de uma intervenção", disse a vice-presidente, Delcy Rodríguez.
"Fizeram valer como próprios (...) dados informados pelos governos de países inimigos", acrescentou a funcionária em coletiva de imprensa, acompanhada por seu irmão Jorge Rodríguez, ministro da Comunicação.
A vice-presidente não identificou os funcionários da ONU apontados, tampouco os países inimigos, embora tenha criticado o Grupo de Lima, integrado por nações críticas ao governo de Nicolás Maduro.
Nesta segunda-feira em Quito, 13 países da América Latina começaram a debater fórmulas para regularizar os migrantes que fogem da grave crise venezuelana e obter fundos estrangeiros.
Cerca de 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior, dos quais 1,6 milhão abandonaram seu país desde 2015, segundo a ONU. A Venezuela nega que se trate de uma crise humanitária.
"A pior crise humanitária que o mundo vive hoje é a causada pela Otan, por países da União Europeia, na África e no Oriente Médio", declarou Delcy Rodríguez, que pediu à chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, "rigor" e não fazer eco de notícias falsas.
[SAIBAMAIS]A vice-presidente citou um informe da ONU segundo o qual cerca de 1.600 refugiados morreram em 2018 a "caminho da Europa".
Delcy Rodríguez desqualificou também os pedidos de fundos da comunidade internacional para o atendimento de migrantes venezuelanos na América Latina.
Acusou particularmente a Colômbia de usar a Venezuela para "viver" de ajuda internacional.
"Dá asco que centros de poder de Equador, Peru, Colômbia tenham se dedicado a semear crimes de ódio contra venezuelanos", afirmou o ministro, que assegura que cerca de cinco milhões de colombianos vivem na Venezuela.