Agência France-Presse
postado em 04/09/2018 12:40
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Washington, Estados Unidos - O Partido Democrata reivindicou, nesta terça-feira (4/9), o adiamento da audiência de confirmação do juiz Brett Kavanaugh, candidato de Donald Trump para a Suprema Corte, cuja nomeação pode inclinar a balança dessa crucial instituição por várias gerações. "Pedimos o adiamento" da sessão, disse o senador democrata Richard Blumenthal, interrompendo o líder republicano do Comitê Judiciário na abertura dos debates, após denunciar o atraso, com o qual receberam milhares de documentos para serem usados na audiência.
Os democratas manifestaram sua indignação por não terem podido consultar as milhares de páginas de documentos a tempo, depois de receberem 42.000 páginas na segunda-feira (3/9) à noite, feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Parece, porém, pouco provável que o pedido vá ser aceito na Comissão. "Qual é a pressa? O que estamos escondendo ao não entregar esses documentos?", questionou o senador Cory Booker.
Os democratas pressionaram para ter acesso a todos os documentos referentes à extensa carreira de Kavanaugh, um juiz federal conservador que trabalhou na Casa Branca durante a gestão do presidente George W. Bush. Kavanaugh teve uma posição importante na Casa Branca, onde controlava o fluxo de documentação para e do Salão Oval.
Os democratas suspeitam de que Kavanaugh tenha desempenhado algum papel nas decisões relacionadas com as técnicas de interrogatório ilegais usadas nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
A senadora democrata Dianne Feinstein, número dois da Comitê, manifestou sua insatisfação antes da abertura da audiência: "Nunca tive uma audição como essa, onde os documentos são tão difíceis de obter". "Isso mostra o quão absurdo é este processo", tuitou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer. "Nenhum senador poderá revisar esses arquivos até amanhã", completou.
Apesar da forte oposição dos democratas, a confirmação do juiz Kavanaugh parece praticamente assegurada. A maioria republicana (51-49) foi temporariamente reduzida pela morte de John McCain, que será substituído por um correligionário.
A audiência deve durar quatro dias, com cerca de 30 oradores, incluindo a ex-secretária de Estado e ex-conselheira de segurança nacional, a republicana Condoleezza Rice.