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Twitter não opera com base em 'ideologia política', diz CEO da rede social

O fundador do Twitter é esperado ainda, à tarde, na Câmara de Representantes, para, do mesmo modo, responder às acusações de parcialidade em relação aos republicanos.

Agência France-Presse
postado em 05/09/2018 12:45
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Washington, Estados Unidos - O Twitter não opera com base em "ideologia política", afirmou seu CEO, Jack Dorsey, nesta quarta-feira (5/9), em uma declaração no Congresso americano, rejeitando acusações de ser tendencioso contra os conservadores. De acordo com Dorsey, em declaração na audiência no Comitê de Inteligência do Senado americano, "o Twitter não utiliza ideologia política na forma como toma as decisões, seja em relação com a classificação do conteúdo do nosso serviço, ou em como aplicamos nossas normas".

A número dois do Facebook, Sheryl Sandberg, também participou da sabatina. O fundador do Twitter é esperado ainda, à tarde, na Câmara de Representantes, para, do mesmo modo, responder às acusações de parcialidade em relação aos republicanos. Segundo Dorsey, o Twitter estava "pouco preparado e mal equipado" para as imensas campanhas de manipulação que afetaram as redes sociais nos últimos anos.

Dorsey compareceu à audiência sobre as acusações de ingerência estrangeira nas campanhas eleitorais, por meio das redes sociais, e afirmou que a plataforma foi pensada para ser uma "praça pública", mas que não foi capaz de administrar os "abusos, o assédio, os exércitos de ;trolls;, a propaganda dos robôs (contas automáticas)".

Em abril passado, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, já tinha ido ao Congresso para dar explicações e pediu desculpas pelas falhas de segurança da rede social. Na corrida presidencial americana de 2016, milhares de perfis falsos espalharam a discórdia entre os eleitores, evocando temas sensíveis como racismo, ou imigração. A Rússia nega qualquer ingerência na campanha que levou Donald Trump ao poder.

Duramente criticado por não ter identificado essas manipulações, o Facebook desenvolveu depois ferramentas para tentar lidar com o problema. A questão teve sua importância renovada após as autoridades americanas advertirem contra a possibilidade de ocorrência de novas tentativas de manipulação e ataques cibernéticos durante as eleições de meio de mandato, em novembro próximo.

Desconfiança do público

Essas audiências acontecem em meio às declarações de Trump, alertando os gigantes da Internet contra o que ele considera uma falta de imparcialidade. O presidente acusa em especial o Google de falsificar os resultados de seu motor de busca, a favor da imprensa "de esquerda" e, nessa mesma lógica, em detrimento dos conservadores.

Segundo especialistas em mídia e tecnologia, não há provas de que o Google altere seus resultados por razões políticas. E, se fosse o caso, é pouco provável que o presidente americano conseguisse uma regulamentação de seus algoritmos, graças ao direito constitucional de liberdade de expressão.

Para Roslyn Layton, especialista em Internet no American Enterprise Institute (AEI), as audiências serão difíceis, porque os líderes dessas empresas estão no meio do fogo cruzado. "Os democratas estão irritados com a extensão da desinformação durante a eleição de 2016, e os republicanos, com sua percepção de parcialidade", comentou Roslyn.

Adam Chiara, especialista em mídia na Universidade de Hartford, considerou que o Google deixou passar uma boa oportunidade para melhorar sua imagem, no momento em que a reputação do Vale do Silício se deteriora a cada dia.

A desconfiança ganhou o grande público. Segundo pesquisa de junho do Pew Research Center, 43% dos entrevistados consideram que as principais empresas de tecnologia apoiam as opiniões progressistas mais do que as conservadoras. Já 72% acreditam que as redes sociais censuram as opiniões políticas das quais discordam.

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