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Peru chama repatriação de venezuelanos de 'operação de propaganda'

O governo peruano chamou, nesta quarta-feira (5), de "operação de propaganda" o programa do Executivo de Nicolás Maduro para repatriar imigrantes venezuelanos

Agência France-Presse
postado em 05/09/2018 19:42
Nesta quarta, cerca de 100 venezuelanos, com passaporte ou identidade em mãos, fizeram fila do lado de fora da embaixada da Venezuela em Lima para pedir a repatriação
Lima, Peru - O governo peruano chamou, nesta quarta-feira (5), de "operação de propaganda" o programa do Executivo de Nicolás Maduro para repatriar imigrantes venezuelanos, que faziam fila diante de sua embaixada em Lima pedindo para voltar ao seu país.

O vice-chanceler peruano, Hugo de Zela, desconsiderou as medidas de Caracas, afirmando que os venezuelanos que voltaram na semana passada para o seu país em um avião fretado pelo governo de Maduro equivalem à cifra de imigrantes que entra no Peru "em meia hora".

"Nesse avião que vem para levar algumas pessoas entram 100 passageiros. Esse é mais ou menos o número de venezuelanos que, no ritmo atual, entra no Peru em meia hora", disse De Zela ao canal RPP.

"Como vocês entenderão, não é algo que tenha um impacto importante, é uma operação de propaganda", acrescentou.

Em 27 de agosto, 97 venezuelanos foram repatriados de Lima em um avião enviado por Caracas. Em contraste, milhares de emigrantes venezuelanos chegaram à fronteira peruana nos últimos meses após longas viagens.

O presidente Maduro, cujo governo nega a dimensão da crise, anunciou na segunda-feira a ativação de uma ponte aérea para facilitar as repatriações.

[SAIBAMAIS]"Ativei, no âmbito do Plano de Volta à Pátria, uma ponte aérea para que os venezuelanos que fizeram o censo possam retornar ao país", disse em um discurso televisionado.

Nesta quarta, cerca de 100 venezuelanos, com passaporte ou identidade em mãos, fizeram fila do lado de fora da embaixada da Venezuela em Lima para pedir a repatriação, alegando que não conseguiram emprego ou sofreram xenofobia no Peru.

"O mais certo é que no sábado volto ao meu país. Estou emocionada, já quero ir", disse à AFP Leidy Almerida Castillo, de 32 anos, enquanto aguardava a sua vez na embaixada.

"Aqui não era o que eu esperava, sofri muita xenofobia. Os homens tocavam as minhas nádegas", afirmou Almerida, que disse ter chegado em janeiro com seu marido, Miguel Jiménez, que trabalhava como bombeiro na Venezuela, e seu filho de dois anos.

Maduro assegura que 600.000 venezuelanos saíram do país desde 2015 e que mais de 90% "estão arrependidos e desejam voltar".

O líder da ONG Unión Venezolana no Peru, Oscar Pérez, afirmou que o programa de repatriação é um "plano político" do governo de Maduro.

"Por que Nicolás Maduro não coloca aviões a serviço dos venezuelanos que querem sair do país para dar de comer ou fornecer atendimento médico aos seus filhos?", tuitou Pérez.

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