Agência France-Presse
postado em 13/09/2018 09:08
Madrid, Espanha - O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, reagiu com irritação, nesta quinta-feira (13/9), diante das acusações de plágio em sua tese de doutorado, em um país abalado por um escândalo de títulos universitários concedidos de forma aparentemente irregular a personalidades políticas.
Sánchez chegou a ameaçar tomar medidas legais em defesa de sua honra e dignidade caso as acusações noticiadas não sejam corrigidas. "As informações publicadas em algum meio de comunicação que sustentam a existência de plágio na redação da minha tese doutoral são categoricamente FALSAS", tuitou Sánchez.
O chefe de governo socialista se referia ao jornal de direita ABC, que colocou as acusações de plágio na capa de sua edição desta quinta-feira (13/9). A manchete diz "O copiar e colar do doutor Sánchez".
O jornal afirma que, após ler a tese de doutorado publicada em 2012 pelo chefe de governo com o título "Inovações da diplomacia econômica espanhola: Análise do setor público (2000-2012)", Sánchez plagiou outros economistas e informes do governo. O veículo on-line de direita Ok Diario também o acusou de plágio.
Poucas horas depois de sua ministra da Saúde, Carmen Montón, renunciar ao cargo por denúncias de manipulação de notas e de plágio em seu trabalho de conclusão do Mestrado, Sánchez se vê mergulhado na polêmica dos títulos universitários.
Em um questionamento que não constava da ordem do dia das perguntas ao governo, o líder do partido de centro direita Cidadãos, Albert Rivera, pediu ontem a Sánchez que publique sua tese. "Há dúvidas razoáveis sobre sua tese doutoral (...). Torne sua tese pública", lançou Rivera, no Congresso. "Está publicada conforme a legislação", rebateu Sanchez, visivelmente irritado.
A tese de Sánchez pode ser consultada em uma universidade da periferia de Madri, mas não pode ser vista on-line, nem fotocopiada. Ontem, a imprensa foi à biblioteca da instituição para consultá-la.
As acusações contra Sánchez surgem no momento em que a Espanha se vê abalada, há meses, por um escândalo batizado como "Mastergate". Entre outros, atingiu o chefe da oposição de direita, Pablo Casado, que reconheceu ter obtido seu título de Mestrado sem assistir às aulas e sem depositar a dissertação, que seria o trabalho final do curso.