Agência France-Presse
postado em 16/09/2018 12:16
O regime de Bashar al-Assad organiza, neste domingo (16/9), as primeiras eleições municipais desde 2011, uma votação que poderá ser assegurada em grande parte da Síria graças às vitórias militares dos últimos anos.
Os colégios eleitorais abriram às 7h00 (1h00 no horário de Brasília) e vão permanecer abertos até 19h00 (13h00 de Brasílias) nas áreas controladas pelo regime, que representam quase dois terços do país. "Mais de 40.000 candidatos estão disputando 18.478 assentos em todas as províncias", informou a agência oficial de notícias Sana.
As últimas eleições municipais foram realizadas em dezembro de 2011, no início da guerra que assola o país e que resultou, em sete anos, na morte de mais de 360.000 pessoas e o exílio de milhões. A economia está em farrapos.
Na capital Damasco, que sempre esteve sob controle do governo, muitos cartazes cobrem os muros, a maioria com candidatos que buscam um novo mandato.
Mohammad Kabadi, de 42 anos, vai votar em um candidato de seu bairro. "Eu sei exatamente em quem vou votar, ele é jovem, ativo e sua vitória trará coisas boas para as pessoas", explica. A maioria dos candidatos é afiliada ao partido Baath do presidente Assad, o que deixa algumas pessoas céticas.
"Por que votar?"
"Por que votar? Vamos ser honestos, alguma coisa mudará?", lança Houmam, um sírio de 38 anos que trabalha no bairro de Mazzé. "Todo mundo sabe que os resultados já estão garantidos para um partido cujos membros vencerão em um processo que parece mais uma nomeação do que uma eleição", acrescenta.
A televisão estatal síria exibia imagens de eleitores depositando seu voto nas urnas em colégios perto de Damasco e nas ciddes costeiras de Latakia e Tartus (oeste), tradicionais redutos do presidente Assad.
Os novos vereadores vão ter mais responsabilidades do que seus antecessores, especialmente nas áreas de reconstrução e desenvolvimento urbano, que foram identificadas como prioritárias pelo presidente sírio.
O conflito na Síria começou em março de 2011, com a repressão do regime às manifestações que pediam reformas democráticas na esteira da Primavera Árabe. Parte dos opositores pegaram em armas e, em seguida, o conflito se tornou mais complexo com o envolvimento de forças e movimentos estrangeiros, bem como organizações jihadistas, como o grupo Estado Islâmico (EI).
Em dificuldades nos primeiros anos, o presidente Assad reconquistou grandes partes do território graças à intervenção militar, desde 2015, de seu aliado russo. A principal região que ainda escapa ao seu controle está na província de Idlib (noroeste), onde a população vive com medo de uma ofensiva das tropas do governo apoiadas pelos russos.
Além das eleições municipais, o regime organizou, desde o início da guerra, eleições legislativas em 2016. A última eleição presidencial ocorreu em 2014. Bashar al-Assad, que sucedeu seu pai Hafez al-Assad em 2000, foi reeleito para um mandato de sete anos.