Agência France-Presse
postado em 19/09/2018 15:28
Washington, Estados Unidos - Em cada casa americana, há incontáveis produtos vindos da China, agora sujeitos a novas tarifas anunciadas por Donald Trump - uma lista que vai de xampu a móveis, passando pelos eletrodomésticos.
"A cada escalada da guerra comercial, o risco para o consumidor americano aumenta", explicou Matthew Shay, presidente da Federação Nacional de Vendas a Varejo, após o anúncio de que o presidente americano Donald Trump vai impor tarifas a 200 bilhões de dólares em importações chinesas.
A partir de 24 de setembro quase metade de todas as importações da China aos Estados Unidos vai estar sujeita a uma tarifa de 10%, que se elevará a 25% três meses depois.
"Não podemos nos permitir mais escaladas, especialmente com a temporada de compras para as festas de fim de ano logo à frente", disse Shay.
As novas medidas protecionistas adotadas por Trump afetam, agora, cerca de 11.400 produtos feitos na China, equivalentes a 250 bilhões de dólares anuais em importações - nos níveis atuais -, segundo documentos oficiais e registros comerciais.
Segundo Chad Bown, especialista do Peterson Institute for International Economics, para as eleições legislativas de novembro, "40% do total das importações americanas poderia ser afetado por novas tarifas que Trump impôs apenas em 2018".
Embora o governo Trump tenha descartado os riscos, economistas alertaram que o aumento das tarifas recente recairá no bolso dos consumidores.
Um estudo sobre a confiança dos consumidores conduzido pela Universidade de Michigan revelou que a guerra comercial e suas consequências sobre os preços são uma grande preocupação para as famílias.
A amplitude dos produtos afetados, que atinge todos os ramos industriais, gera receio de que os consumidores possam parar de gastar.
Preocupação com ;Black Friday;
O consumo das famílias, que é tradicionalmente um impulsionador do crescimento econômico, é muito baseado nos produtos "Made in China", que os compradores adquirem sem pensar, jogam fora e depois substituem por outros.
Nos supermercados americanos, como o gigante de distribuição Walmart, os produtos de origem chinesa estão por toda parte.
No mercado americano, os consumidores são muito sensíveis aos preços e o sentimento nacionalista pode ser moderado se as pessoas sentirem que estão gastando mais.
Segundo pesquisas publicadas em 2017, a grande maioria dos compradores favorece os produtos locais pelos mesmos preços. Mas essa preferência pelo americano diminui à medida que os preços do "Made in USA" aumentam.
[SAIBAMAIS]Uma alta dos produtos fabricados na China poderia conter essa espiral de consumo, alertam especialistas.
As tarifas afetarão uma pequena fração do PIB americano, bem abaixo de 1%, mas os custos econômicos "provavelmente serão sentidos desproporcionalmente pelas famílias", disse um relatório do Barclays Research divulgado nesta terça-feira.
As tarifas já provocaram um aumento nos preços dos bens duráveis no mercado, com um custo de 0,6% para o PIB, alertaram especialistas do banco.
Um estudo recente da Federação Nacional de Vendas a Varejo revelou que as tarifas sobre produtos fabricados na China podem custar aos consumidores americanos até US$ 6 bilhões ao ano.
No entanto, as famílias não têm alternativa, já que produtos similares fabricados em outros países podem ser ainda mais caros.
Em 23 de novembro, o dia seguinte ao Dia de Ação de Graças, os comerciantes lançam as vendas da "Black Friday" com grandes ofertas para atrair mais consumidores. Este evento é o ponto de partida da temporada de Natal, que poderia ser prejudicada por esses anúncios.
"A mera menção de tarifas para os produtos chineses é uma preocupação séria para os varejistas, porque esse tipo de taxa poderia afetar todos os aspectos da vida americana", disse Shay.