Agência France-Presse
postado em 20/09/2018 16:40
Nova Délhi, Índia - O papa Francisco retirou de suas funções um bispo indiano acusado por uma freira de estuprá-la, indicaram representantes eclesiásticos, em um caso que gerou protestos pela lentidão da ação policial.
O bispo Franco Mulakkal, que negou as acusações, escreveu ao papa pedindo que o retirasse temporariamente de suas funções, enquanto a investigação é realizada.
"Depois de considerar todas as circunstâncias, o santo padre aceitou o pedido do bispo Mulakkal", indicou em comunicado a Conferência de Bispos Católicos da Índia. Outro bispo foi nomeado de maneira temporária para suas funções, acrescentou o comunicado.
No final de junho, a freira acusou Mulakkal de tê-la estuprado 13 vezes entre 2014 e 2016, mas a polícia do estado de Kerala (sul), onde se encontra a maior população cristã, só aceitou ficar a cargo do caso em setembro.
[SAIBAMAIS]A demora na ação policial causou indignação, e cinco freiras e dezenas de apoiadores realizaram protestos durante vários dias, em um movimento excepcional de dissidência dentro da Igreja local.
A suposta vítima entrou em contato com o representante do Vaticano na Índia para insistir sobre o seu caso. Na carta, divulgada pela imprensa local, diz que Mulakkal "usou seu poder político e econômico para abafar o caso".
Mulakkal diz que o escândalo é um complô de inimigos da Igreja e conseguiu o apoio de sua congregação, Os Missionários de Jesus Cristo.
Em julho, dois padres foram presos por supostamente estuprarem e chantagearem uma mulher durante 20 anos em Kerala.
Os casos de abuso sexual por parte de sacerdotes e a falta de ação da hierarquia eclesiástica para denunciá-los causaram um dos maiores escândalos enfrentados pela Igreja Católica nos últimos anos.
Em agosto, o papa Francisco divulgou uma carta aos católicos sobre o tema de abuso sexual no mundo, onde expressou "vergonha e arrependimento".
Os cristãos, em sua maioria católicos, são a terceira religião da Índia, onde o Hinduísmo é a crença predominante, com 80% de fiéis em uma população total de 1,250 bilhão de pessoas.