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Prefeito acusado de acolher imigrantes ilegais é detido na Itália

Acusado de favorecer a imigração ilegal, Domenico Lucano acolheu em sua cidade dezenas de imigrantes e revitalizou a economia local

Agência France-Presse
postado em 02/10/2018 14:48
Lucano adotou um modelo de acolhida para os migrantes, com o objetivo de voltar a povoar a localidade calabresa com apenas 1.800 habitantes
Roma, Itália - As autoridades judiciais de Locri (sul da Itália) anunciaram, nesta terça-feira (2), a detenção domiciliar de Domenico Lucano, prefeito de Riace, uma localidade pioneira na recepção de refugiados na Itália.

Acusado de favorecer a imigração ilegal, Lucano acolheu em sua cidade dezenas de imigrantes e revitalizou a economia local. Ele também é investigado por irregularidades na concessão dos contratos de serviço de coleta de lixo.

Premiado em 2010 como o terceiro "melhor prefeito do mundo", Lucano figurava em 2016 entre as 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista "Fortune". Inspirou um documentário de Wim Wenders e um filme para televisão que será transmitido em fevereiro na Itália.

Lucano foi acusado de ter organizado casamentos de conveniência entre moradores da localidade de Riace e mulheres estrangeiras para que pudessem obter visto de permanência.

Segundo o comunicado da Procuradoria, que cita trechos de conversas telefônicas, Lucano agia sabendo que violava a legislação em vigor, que chamou de "estúpida".

"Vou lhe dar uma carteira de identidade, mas, com isso, violo a lei, porque deveria ter um visto de residência válido", explicava ele a uma mulher estrangeira em uma conversa gravada pelos investigadores, completou a Procuradoria.

Em outra conversa, ele sugere a uma nigeriana um casamento arranjado. "Acho que é a única possibilidade... Que você se case, como fez a Stella... Ela se casou com Nazareno. Sou eu que faço os casamentos no civil", afirma.

Lucano adotou um modelo original de acolhida para os migrantes, com o objetivo de voltar a povoar a localidade calabresa com apenas 1.800 habitantes.

Desde então, dezenas de afegãos, eritreus e iraquianos foram viver nessa localidade e reformaram a parte antiga. O turismo voltou, graças aos ateliês de artesanato, lojas e restaurantes.

Vários setores denunciaram a "campanha de criminalização" na Itália contra pessoas e organizações que defendem os direitos dos migrantes.

Duas ONGs que resgatavam imigrantes no mar - a Proactiva Open Arms e a Jugend Rettet - viram seus navios serem apreendidos sob a acusação de "favorecer a imigração ilegal".

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