Agência France-Presse
postado em 07/10/2018 12:00
Os bósnios votavam sem ilusões, neste domingo (7/10), desgastados pela pobreza e pela corrupção e cansados %u200B%u200Bde políticos que voltaram a apostar nos reflexos comunitários antes das eleições gerais.
Em uma eleição tão complexa como a identidade do país após a guerra intercomunitária de 1992-1995, os eleitores elegem os três membros da presidência colegial: um bósnio (muçulmano), um sérvio (ortodoxo) e um croata (católico).
Como em 2014, "os nacionalistas vão vencer novamente e nada vai mudar", prevê Armin Bukaric, um empresário de 45 anos de Sarajevo.
Em Banja Luka, a capital dos sérvios da Bósnia, Danica Odovic, de 47 anos, diz que escolheu "a mudança: não porque eu acredite que os outros são melhores, mas apenas para mudar".
Vinte e cinco anos após o conflito (100.000 mortes), os principais candidatos apostaram no nacionalismo, principalmente o sérvio Milorad Dodik e o croata Dragan Covic, mas também os candidatos bósnios.
Votando em seu vilarejo de Laktasi (norte), Milorad Dodik disse estar convencido de "uma grande vitória" contra seu rival de centro Mladen Ivanic.
No passado, este homem próximo ao presidente russo Vladimir Putin, defendeu um referendo de independência da Republika Srpska, a entidade dos sérvios da Bósnia que ele dirige desde 2006. Os sérvios representam um terço dos 3,5 milhões de habitantes.
Dragan Covic deseja que os croatas (15%) tenham sua própria entidade: eles agora estão associados em uma federação com os bósnios (metade da população).
A Republika Srpska e a Federação Muçulmana-Croata têm uma forte autonomia e estão ligados por um Estado central fraco, encarnado pela presidência tripartida.
Se Dodik e Dragan Covic sentarem juntos, a sua combinação poderia representar riscos reais de decomposição da Bósnia, de acordo com os seus adversários: "devemos separá-los", clamou Zeljko Kom;i%u0107, adversário social-democrata de Dragan Covic.
"Vocês nunca vão acabar com a Bósnia, nunca poderão nos vencer", lançou o candidato do principal partido bósnio (SDA, nacionalista) Sefik Dzaferovic.
Segundo o analista político Zoran Kresic, "a maioria dos jovens vê seu futuro fora da Bósnia", cansados das "mesmas histórias, mensagens bélicas e a impossibilidade de viver juntos".
A renda média do país é de 430 euros e o desemprego atinge 20%.
Ao meio-dia (6h00 de Brasília), a participação era de 11,41%, em queda de quase três pontos em relação a 2014.
"Apatia é meu principal adversário", diz Borisa Falatar, candidato croata à presidência pelo "Nasa Stranka" (Nosso Partido), uma formação multicomunitária.
Em um relatório recente, a ONG Transparency International detalhou irregularidades eleitorais nas eleições locais de 2016, incluindo promessas de emprego aos eleitores.
As listas eleitorais são questionáveis: têm 3,3 milhões de eleitores, pouco menos do que o número de habitantes, e um milhão a mais do que em 2004.
A votação termina às 19h00 (14h00 de Brasília). Os primeiros resultados são esperados na parte da noite.