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ONU pede à Venezuela investigação sobre a morte de opositor

Fernando Albán, que foi detido acusado de envolvimento em um aparente ataque contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro, cometeu suicídio na sede do serviço de inteligência, segundo o procurador-geral Attorney Tarek.

postado em 09/10/2018 08:03
Fernando Albán, que foi detido acusado de envolvimento em um aparente ataque contra o presidente venezuelano Nicolas Maduro, cometeu suicídio na sede do serviço de inteligência, segundo o procurador-geral Attorney Tarek.
Genebra, Suíça - O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU pediu nesta terça-feira (9/10) uma "investigação transparente" sobre as circunstâncias da morte do vereador opositor venezuelano Fernando Albán, que, segundo as autoridades da Venezuela, se matou durante sua detenção.

"Fernando Albán se encontrava detido pelo Estado. O Estado tinha a obrigação de garantir sua segurança, sua integridade pessoal (...). Nós pedimos uma investigação transparente para esclarecer as circunstâncias de sua morte", já que existem "informações contraditórias sobre o ocorrido", declarou um porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani, em coletiva de imprensa em Genebra.
A União Europeia também ressaltou nesta terça a necessidade de uma "investigação independente" para apurar as circunstâncias do vereador. "Esperamos uma investigação exaustiva e independente para esclarecer as circunstâncias da trágica morte do vereador Albán", afirmou o comunicado do escritório da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que também pediu que Caraca liberte "todos os presos políticos".

Segundo o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, Albán, detido por um suposto ataque com drones explosivos contra o presidente Nicolás Maduro, ele se suicidou na segunda-feira na sede do serviço de inteligência. O partido de Albán, Primero Justicia, denunciou que se tratou de um assassinato.

Albán, vereador do município Libertador de Caracas, foi detido na última sexta-feira acusado de participar da explosão de dois drones perto do local em que Maduro fazia um discurso em 4 de agosto, durante um desfile militar na capital.

Saab explicou por telefone à rede de televisão estatal VTV que Albán "solicitou ir ao banheiro, e estando lá, se jogou pela janela do décimo andar".

O ministro do Interior e da Justiça, Néstor Reverol, afirmou que Fernando Albán se suicidou "no momento em que seria trasladado ao tribunal".

Magnicídio frustrado

Nicolás Maduro classificou os fatos de 4 de agosto de "magnicídio frustrado" e responsabilizou como autor intelectual o deputado Julio Borges, fundador do Primero Justicia e exilado na Colômbia. "A crueldade da ditadura acabou com a vida de Fernando Albán", reagiu Borges no Twitter, lembrando que o vereador havia viajado a Nova York na semana passada para visitar seus filhos e o acompanhou às Nações Unidas.

"Sua morte não vai ficar impune", acrescentou o deputado, que Maduro acusa de fazer parte de uma trama para derrubá-lo com a ajuda de Estados Unidos e Colômbia.

O presidente do Comitê das Relações Exteriores do Senado americano, Bob Corker, em visita em Caracas, disse que a morte de Albán é "pertubadora". "O governo tem a responsabilidade de garantir que todos entendam como isso aconteceu", escreveu no Twitter

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, condenou a morte do opositor. "Responsabilidade direta de um regime torturador e homicida", escreveu no Twitter.

O ex-candidato presidencial Henrique Capriles, membro do partido de Albán, afirmou que o ocorrido "é total responsabilidade do regime". "Ele NUNCA poderia ter atuado contra sua vida", ressaltou no Twitter.

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