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Milhares de mulheres se juntam na Argentina para lutar pelo aborto legal

Em 13 de junho foi aprovado pela Câmara de Deputados, mas em 8 de agosto o voto conservador no Senado se impôs

Agência France-Presse
postado em 14/10/2018 12:30
Ativistas a favor da legalização do aborto marcham pela primeira vez após a rejeição do projeto de lei de aborto pelo Senado
Cerca de 50 mil mulheres participam entre este sábado e segunda-feira do 33; Encontro Nacional de Mulheres, que acontece em Trelew, no sul da Argentina, no ano marcado pela histórica abordagem do projeto de legalização do aborto no Congresso.

Nas jornadas, que a cada ano contam com mais participantes, busca-se visibilizar "a luta das mulheres pela igualdade e por uma vida livre de violência machista", segundo a convocação. No primeiro encontro, em 1986, foram 1.000 autoconvocadas, e este ano as organizadoras aguardam 50.000 mulheres, transexuais e travestis que participarão ao longo de três dias de 74 oficinas e duas marchas.

A patagônica Trelew, de 100mil habitantes, a 1.400 km ao sul de Buenos Aires, foi escolhida como reconhecimento das mulheres originárias de nações indígenas. Este grupo vem lutando para que o encontro passe a se chamar plurinacional, ao invés de nacional, e que valorizem as suas lutas ancestrais.

Este ano, o encontro recebe o impulso das maciças manifestações de mulheres que acompanharam o histórico debate parlamentar do projeto de aborto legal, seguro e gratuito que, na Argentina, só é permitido em caso de estupro ou de perigo de morte para a mulher.

Em 13 de junho foi aprovado pela Câmara de Deputados, mas em 8 de agosto o voto conservador no Senado se impôs. "Ao forno o patriarcado", é o nome da feira gastronômica para a qual as participantes reunidas no Autódromo de Trelew são chamadas. Já a feira de artesanato leva o nome "Evelyn" em homenagem a uma artesã assassinada por seu ex-parceiro com 20 facadas em 14 de junho.

Um total de 200 feminicídios ocorreram na Argentina de 1; de janeiro a 25 de setembro, um a cada 32 horas. Um dos que mais impacta este encontro é o de Patricia Parra, uma trabalhadora de 56 anos assassinada horas antes de viajar para Trelew, supostamente por seu ex-parceiro, a quem havia denunciado por violência de gênero.

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