Agência France-Presse
postado em 14/10/2018 18:09
Munique, Alemanha - O partido conservador CSU, aliado ineludível da chanceler alemã, Angela Merkel, registrou neste domingo (14/10) um forte retrocesso nas eleições regionais na Baviera, ao perder sua maioria absoluta frente ao auge dos Verdes e da extrema direita, segundo pesquisas das emissoras televisivas públicas ARD e ZDF. A União Cristã Social (CSU) do chefe de governo do estado, Markus Soeder, aparece em primeiro lugar, mas apenas com 35,5% dos votos, ou seja, com uma perda de 12 pontos em relação a 2013, e alcança o seu nível mais baixo desde os anos 1950.
O outro aliado da chanceler a nível nacional, o SPD, obteve menos de 10% dos votos, e se viu superado pelos Verdes (18-19%) e pelo partido anti-imigração Alternativa para Alemanha (AfD), com 11%.
O quinto lugar na contagem de votos, de acordo com as projeções, fica para os liberais do FDP, com 5%.
Os resultados, antecipados nas pesquisas dos últimos dias, reforçam o risco de uma crise dentro da CSU, cujo presidente é o ministro do Interior, Horst Seehofer, e poderia ter impacto no frágil governo central.
Além disso, as eleições na região de Hesse em duas semanas também se anunciam muito disputadas, desta vez para o partido de centro-direita de Angela Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), que governa no estado com os ecologistas.
"Isso é uma clara advertência para a CDU e, por essa razão, a nossa prioridade nas próximas duas semanas deve ser Hesse", disse neste domingo a secretária-geral do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, na véspera de uma reunião de cúpula da CDU com a participação de Merkel.
As duas eleições "afetarão a política nacional e, consequentemente, a reputação da chanceler", havia advertido o presidente da Câmara dos Deputados, Wolfgang Sch;uble, fiel companheiro de fileiras de Merkel.
Eleições antecipadas
Entretanto, uma das líderes da ultradireitista AfD pediu ao governo que "libere o caminho para eleições antecipadas".
"Os que votaram AfD na Baviera disseram também ;Que Merkel vá embora;", enfatizou Alice Weidel.
No poder da primeira economia da Europa há 13 anos, a posição da chanceler em seu país enfraqueceu desde as legislativas federais de 24 de setembro de 2017, nas quais o partido de ultradireita AfD registou uma ascensão fulgurante.
O auge dessa formação se viu favorecido pela chegada de mais de um milhão de refugiados entre 2015 e 2016, apesar da política migratória alemã ter endurecido desde então.
Merkel precisou de seis meses para formar um governo, com um SPD em plena crise e reticente em integrar uma nova grande coalizão.
Uma pesquisa nacional divulgada neste domingo pelo jornal Bild outorga à dupla CDU/CSU magros 26% de simpatia, enquanto o social-democrata SPD está com 17%, no mesmo nível que os Verdes, e apenas à frente da extrema direita, que tem 15%.
Na católica Baviera, os 35% da CSU ficam muito abaixo dos quase 48 pontos percentuais alcançados em 2013. O partido tentou captar o eleitorado da extrema direita, chegando a imitar a retórica agressiva contra os refugiados, mas sem sucesso aparente.
Horst Seehofer levou o governo central à beira da ruptura ao exigir que endurecesse mais a política migratória e ao apoiar sem rodeios o chefe dos serviços de Inteligência Interior, suspeito de conluio com a extrema direita.
No entanto, o partido que mais coloca a CSU na berlinda não é o AfD, mas os Verdes, que conquistaram o apoio de quase um em cada cinco eleitores.
"Finalmente haverá democracia na Baviera, a hegemonia terminará", tuitou antes da votação um dos líderes da formação ecologista.
Uma coisa parece certa: a CSU terá que encontrar um ou vários sócios para formar uma coalizão.
Por enquanto, o chefe do governo regional, Markus S;der, descartou a possibilidade de se aliar com os ecologistas, embora não se saiba se continuará no cargo.