Agência France-Presse
postado em 18/10/2018 16:36
Washington, Estados Unidos - O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou nesta quinta-feira (18) que o escritório de seu país destinado aos palestinos será anexado à polêmica Embaixada em Israel, que foi transferida este ano para Jerusalém.
Os palestinos imediatamente assimilaram esta decisão ao fechamento do Consulado-Geral, representação diplomática específica, e denunciaram um ato "ideológico" em favor de Israel.
Em um contexto de piora nas relações com a administração do presidente americano Donald Trump, o anúncio de Pompeo é visto como mais um sinal de desprezo pelos palestinos.
Os Estados Unidos dispunham até a data, em Jerusalém, de uma Embaixada em Israel desde a transferência polêmica de Tel Aviv em maio, bem como um Consulado-Geral que funcionava como representação para os palestinos.
Os Estados Unidos serão uma das únicas grandes potências a não ter uma representação destinada aos palestinos.
Pompeo disse que o Consulado-Geral dos Estados Unidos, um escritório à parte que já lidou com questões relacionadas aos palestinos, será substituído pela Unidade de Assuntos Palestinos, e ficará dentro da Embaixada americana.
Uma autoridade do Departamento de Estado afirmou que o cargo de cônsul será "eliminado" e que a titular atual deverá retornar para Washington.
"Após a abertura em 14 de maio em Jerusalém da Embaixada americana em Israel, prevemos uma remodelação significativa e o aumento da nossa eficácia" graças a essa fusão, apontou Pompeo em um comunicado.
Esta decisão "não indica uma mudança na política americana sobre Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza", ressaltou o chefe da diplomacia americana.
Ele afirmou que os Estados Unidos vão continuar "a não tomar posição sobre a questão do status final de Jerusalém e sobre o compromisso com relação às fronteiras".
"A decisão americana de acabar com o consulado americano não tem relação com eficiência. Está ligada à determinação de implantar uma equipe americana ideológica disposta a recompensar as violações dos direitos humanos e os crimes israelenses", reagiu o número dois da Organização da Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat.
"Depois de uma série de camuflagens anteriores contra os palestinos, os Estados Unidos não podem desempenhar nenhum papel no esforço de paz" com Israel, acrescentou.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, congelou as relações com o governo Trump desde que o presidente americano anunciou em dezembro de 2017 o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, quebrando décadas de diplomacia e consenso internacional.
Os palestinos afirmam que Jerusalém Oriental, anexada por Israel e considerada como ocupada pela ONU, é a capital do Estado ao qual aspiram. Já Israel proclama toda Jerusalém sua capital "indivisível".
O status de Jerusalém é uma das questões mais difíceis para a resolução do conflito entre israelenses e palestinos, que parece cada vez mais distante.
Desde dezembro de 2017, os Estados Unidos passaram a ignorar a condenação internacional e transferiram sua Embaixada israelense de Tel Aviv para Jerusalém, uma inauguração que coincidiu com um banho de sangue no território palestino da Faixa de Gaza.
O governo americano anunciou em setembro o fechamento da missão diplomática palestina em Washington, acusando os líderes palestinos de se recusarem a dialogar com o governo Trump e iniciar negociações de paz com Israel sob o patrocínio dos Estados Unidos.
Washington também anunciou o fim de sua assistência financeira bilateral, bem como suas contribuições à agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).