Agência Estado
postado em 20/10/2018 17:29
O governo da Itália prometeu neste sábado se engajar em conversas construtivas com a União Europeia, após ter aprovado seu orçamento final para o próximo exercício e observado um rebaixamento de seu rating, influenciado por metas de déficit mais elevadas do que o esperado.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte afirmou que o plano orçamentário foi definitivamente aprovado por todos em uma reunião de gabinete de emergência realizada neste sábado. O encontro foi convocado para responder às preocupações da UE e resolver uma disputa interna de governo. De acordo com ele, a Itália estava "disponível para um diálogo construtivo" com a UE nas próximas semanas.
No entanto, o líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, e o líder da Liga, Matteo Salvini, indicaram pouco espaço para mudanças substanciais no orçamento. "Nós repetimos nossas posições", disse Di Maio.
A Comissão Europeia alertou a Itália que as metas de déficit fiscal maiores que o esperado representam um desvio sem precedentes das regras orçamentais da UE. O governo italiano tem até o meio-dia desta segunda-feira para responder às preocupações do bloco.
Nesta sexta-feira, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota de crédito em moeda local e estrangeira da Itália de Baa2 para Baa3, com perspectiva estável, citando o "enfraquecimento material na força fiscal da Itália". A Moody's citou os planos revisados de déficit de até 2,4% do produto interno bruto (PIB) no ano fiscal de 2019, quase o triplo do previsto pelo governo anterior.
Salvini disse neste sábado que não estava preocupado com o rebaixamento ou a crítica e que o governo italiano estava apenas fazendo o que era melhor para os italianos. "O governo seguirá em frente, apesar das agências de classificação, dos comissários europeus e de algum mal-entendido interno", disse. O vice-premiê italiano disse que as agências de classificação de risco já estiveram erradas antes sobre a situação da Itália "e falharão novamente desta vez". "É uma boa proposta orçamentária e a perseguiremos até o fim."
A reunião do gabinete foi convocada em parte porque Di Maio alegou que foram feitas alterações não autorizadas no projeto de orçamento, envolvendo uma proposta de prorrogar uma anistia fiscal sobre o dinheiro detido no exterior e trazido de volta para a Itália. O Movimento 5 Estrelas se opõe a tal medida, temendo uma possível lavagem de dinheiro. As acusações provocaram tensões no governo de coalizão, mas no sábado o desentendimento parecia ter sido resolvido. Conte disse que se tratou de um mal-entendido técnico referente a uma complicada seção do plano orçamentário, que foi simplificada de forma a satisfazer as partes.
A Itália insiste que o aumento dos gastos de seu plano orçamentário é necessário para impulsionar o crescimento, que reduzirá a dívida. Com isso, o maior déficit seria, por sua vez, revertido. Mas o país um dos 19 que utilizam a moeda comum europeia e seus parceiros da zona do euro exigiram a desistência do aumento de gastos.
Fonte: Associated Press