Agência France-Presse
postado em 30/10/2018 11:00
Oldenburgo, Alemanha - Um ex-enfermeiro alemão, Niels H;gel, admitiu nesta terça-feira (30/10), na abertura de seu julgamento, os 100 assassinatos de pacientes, um caso sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial.
Após um minuto de silêncio em memória das vítimas e da leitura da ata de acusação, o tribunal perguntou a H;gel se as acusações contra ele estavam corretas. "Sim", ele respondeu em voz baixa, antes de acrescentar enigmaticamente que o que ele confessou "aconteceu". Surpresas, as pessoas presentes receberam essas confissões em silêncio.
Pouco antes, o acusado havia escutado, de cabeça baixa e sem esboçar expressão, os nomes das 100 pessoas que ele matou lidos pela promotora Daniela Schiereck-Bohlmann.
O homem de 41 anos, que já cumpre uma pena de prisão perpétua há quase seis anos por seis crimes semelhantes, enfrentou os olhares de dezenas de parentes de vítimas no centro poliesportivo de Oldenbourg, por falta de espaço no tribunal.
"Estresse"
Todos querem que a justiça seja feita para encerrar o luto, mas também para entender como o enfermeiro foi capaz de cometer tais crimes entre 2000 e 2005 nos hospitais onde trabalhou sem que seus empregadores, a polícia ou a justiça reagissem. "Todos os elementos estavam lá. Não era preciso ser um Sherlock Holmes" para perceber que um assassino estava agindo, reclamou à o neto de uma vítima, Christian Marbach.
Quando questionado pelo tribunal, Niels H;gel começou a falar sobre sua vida e personalidade, explicando que se drogava com analgésicos para lidar com a pressão de uma unidade de terapia intensiva. "Foi o estresse. Com as drogas, parecia mais fácil", disse o acusado, acrescentando que deveria ter percebido que "este trabalho não era para ele".
Durante cinco anos, primeiro no Hospital de Oldenbourg e depois no município vizinho de Delmenhorst, Niels H;gel injetou intencionalmente drogas em pacientes para causar parada cardíaca antes de tentar reanimá-los, na maioria das vezes sem sucesso.
Seus motivos: desejo de brilhar na frente de seus colegas, mostrando suas habilidades de ressuscitação, e "tédio", de acordo com a Promotoria. Ele escolhia arbitrariamente suas vítimas, com entre 34 e 96 anos.
O exame psiquiátrico ao qual foi submetido revelou distúrbios narcísicos e um pânico da morte. Até agora, Niels H;gel não expressou verdadeiro remorso. E de acordo com colegas da prisão, ele se gaba de ser o maior criminoso desde a última guerra.
O atual julgamento diz respeito à 64 assassinatos em Delmenhorst e à 36 em Oldenbourg. Mas Niels H;gel esconderia outros segredos. De fato, os investigadores avaliam o número real de vítimas em mais de 200, o que é impossível provar porque muitas vítimas foram cremadas.